Numa ventania Rospo e Sapabela procuram um abrigo. Entram numa lanchonete.
- Rospo, aproveitando a ventania, gostaria de falar sobre as palavras.
- Pois tenha a palavra.
- É verdade que as palavras o vento leva?
- Dizem, pois, que nenhuma ao vento resiste...
- O verbo ao vento não resiste?
- Num vendaval talvez...
- E uma palavra pesada?
- Uma pesada talvez não se desmanche no ar.
- Palavras que ferem e não cicatrizam...
- Palavras que machucam...
- Que rasgam a alma..
- Mas não apenas as palavras pesadas, eu creio...
- Sim, também as que em sua leveza transbordam o ser de alegria...
- Como as que brotam na voz do ser amado...
- Que não se deixou pescar pelo cotidiano...
- O monstro da rotina...
- Rospo, então o vento não leva todas as palavras...
- Não, Sapabela, algumas ficam cravadas para sempre na alma, lá no fundo...
- Palavras tristes, pesadas, alegres e leves?
- As que tocam o ser... Essas são carregadas para sempre, pois tornam-se parte integrante...
- Será que a ventania já passou?
- Por que? Está ansiosa?
- Queria dizer umas palavras para você...
- Então, diga.
- Você é alguém muito precioso em minha vida... Chegou, trouxe a amizade verdadeira... Por isso se tornou inesquecível...
- Sapabela, pode vir um ciclone, uma ventania, um temporal... Que essas eu levo comigo para sempre.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 310
Marciano Vasques
Muito bom o texto, parabéns e tudo de bom.
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