- Sapabela, cuidado com a rotiniana...
- Rotiniana? O que vem a ser isso?
- Ela é implacável, é terrível, se pega em você, gruda, cola, fica agarrada e não larga mais. Ela se acostuma e vicia você. Quando se dá conta, não consegue mais se livrar dela, quer fugir, mas aprendeu a não se movimentar. Afaste-se dela. A rotiniana é fogo!
- Do que está falando? Que criatura é essa?
- Sapabela, creio que inventei uma nova palavra...
- Mais uma?
- A Rotiniana.
- Mas, o que é afinal essa tal rotiniana?
- É a rotina cotidiana...
- Ora, Rospo, melhor dizer: rotina cotidiana, afinal, toda rotina só pode ser cotidiana. Você por acaso já sabe disso. Então, para que inventar uma palavra nova?
- As palavras novas são inventadas porque os sapos estão vivos...
- Natural, não é, Rospo?
- Estar vivo é inventar palavras...
- Nem todos fazem isso, mas estão vivos também...
- Quem não inventa, usa.
- Toda invenção é um sinal da energia vital chamada vida, e a mente de um sapo flutua feito luzes pirilâmpicas em torno de cada nova invenção...
- Isso ocorre com as palavras, também?
- Claro, cada palavra é tão importante enquanto invenção, como qualquer eletrônico, qualquer outra invenção...
- Sabe, Rospo, gosto de conversar com você porque você foge da rotiniana como vampiro da cruz...
- Vade Retro!
Os dois riem muito.
- Jamais me diverti tanto. O riso é terapêutico... Rir nas situações mais opressoras ajuda a viver?
- Rir é bom, quando eu rio as águas rolam...
- Rospo, com você nenhuma rotiniana tem chance...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 321
Marciano Vasques
rotina cotidiana= rotiniana
ResponderExcluirTinha mesmo que ser em libro infantil... adorei