domingo, 26 de junho de 2011

O SAPINHO ABANDONADO

Rospo observa um sapo pai passeando no parque com o seu filho. Sente-se feliz ao ver o pai com o filho no gramado, à beira do lago do Parque do Carmo, um de seus lugares preferidos no brejo.
— Que coisa mais bela! Um pai levando o seu filho pela mão, caminhando lado a lado com ele, conversando com o seu filho... Isso sempre me comove. Ver um sapo dedicando o seu tempo a uma criança.... Vou até me aproximar para ouvir a conversa... Diálogo entre pais e filhos sempre me interessam, e não tenho culpa de ser tão curioso. Tive uma infância feliz.... que favoreceu, isto é, criou as condições para um favo, e um favo de mel, lógico, ou melhor, mágico, e assim, nesse favorecimento, que é o desenvolvimento do favo da vida, eu vi desabrochar a curiosidade, que é a mãe do crescimento... Quando não tinha adultos por perto, para eu perguntar, eu perguntava ao vento, à joaninha, às folhas lisas alisadas pelo sol... e também perguntava para a minha imaginação, que sempre me deu as respostas mais criativas, mais fantásticas... E assim sou, por isso quero colher a conversa desse bondoso sapo que passeia com o seu filho...

Então, Rospo vê um sapinho abandonado se aproximar e pedir um pedaço de pão ou algo assim. O pai, bruscamente, tapa os olhos do filho, e responde ao sapinho...
— Suma daqui! Vá embora!Vá trabalhar! Você já tem idade para isso!
— Quem era ele, pai?
— Ele? Ora, um vagabundo qualquer... Nem pai deve ter..

Rospo entristece, mas reage.
— Como é bom, às vezes, ouvir conversa alheia. Como eu amo a minha curiosidade!... Chamei aquele sapo de bondoso porque ele levava o filho pela mão. Vi que ele tem amor pelo seu filho, mas é só isso, pois não conseguiu transformar o seu amor em amor universal, não se sente capaz de amar a todos os sapinhos... Fechou-se, de forma egoísta, em seu mundo, e nem consegue ver que o sapinho abandonado, foi abandonado pela omissão de muitos, pela hipocrisia de uma sociedade... Amar o seu filho é importante, mas se não consegue estender esse amor às outras crianças, seu amor padece de uma imperfeição...

 HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 624
Marciano Vasques
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2 comentários:

  1. Hola Rospo:
    Te emocionaste al ver un padre conversando con cariño a su hijo, pero no lo enseñó nada bien, pues no hizo caso del sapiño abandonado y pobre.
    en cambio tu rospño, tienes un buen corazón.
    Un corazón bondadoso de sapito.
    Beijos, Montserrat

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  2. Pois é amigo, amor egoista sem generosidade, uma pálida sombra do amor, não é?
    "Eu perguntava ao vento.." Escreves com muita poesia, muito lindo.
    Luz
    Ana

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