O DESVIO
Talvez por menos leveza,
Por ser mais denso o meu casco,
Por ser mais denso o meu casco,
Talvez se tivesse compreendido na chegada,
Quando me acenaste,
Quando me acenaste,
Que pouco da minha proa conhecias.
Mastro?
Nem reparaste: sou um barco simples, simplicidade
Que nenhum mar poderia supor.
Minha cor pintada em tempestades, encarnada de alma e azul, vai aos poucos desvanecendo,
Como eu, no horizonte das espumosas águas nas quais
Jamais novamente estarás.
Se pudesses avaliar a avaria que me causaste!
Foste sempre um imprevisto, uma dor antecipada.
Eu, um barco autêntico,
Sinto orgulho
Sinto orgulho
Da minha resistência.
Todavia hoje, no azul que se refaz,
Tímidez de ciano chuviscado, na clara manhã
De vidro em minha alma, anuncio aos que,
Como eu, cortam ondas tempestuosas
Numa audaciosa força de renascer
A cada nova plangência,
A cada travessia.
É para eles, e para ti,
Que conclamo:
Finalmente desviei
A minha rota
De ti,
A minha vida,
Da tua.
E numa súbita alegria,
A retomo nos remos
De minha própria vontade e alma.
MARCIANO VASQUES
Um desvio muitas vezes se faz necessário!Maravilhosa poesia,Marciano!bjs e boa semana!
ResponderExcluirQue maravilha! Se nvegamos neste oceano da vida, muitas vezes temos que tomar os remos e traçar nossa rota.Muitas e muitas vezes...Bjs e Luz!
ResponderExcluirAs ondas podem ser fortes, o mar até pode ser revolto, mas a persistencia deve pervalecer, é ela o remo gigante da vida.
ResponderExcluirPoesia que encanta.
abraço
oa.s