Última noite do ano. Os amigos Rospo e Sapabela se encontram e papeiam enquanto aguardam a hora.
—Um ano se passou!
—Como assim?
—Ora veja! A Terra circundou ao redor do Sol. Uma volta completou 365 dias, ou seja, um ano.
—É mesmo, Rospo!
—"Como se ela não soubesse!"
—O que comemoramos à Meia Noite é a Translação: A órbita do nosso planeta em torno do grande astro.
—Muito bem, Sapabela. E você? Durante esse tempo girou ao redor de qual Sol? Ou se envolveu com fofoquinhas? Passou o tempo se lamentando. Talvez criando intrigas ou atribuíndo muita importância para com as picuínhas?
—Está perguntando isso para mim?
—Claro que não, querida! Estou criando um personagem hipotético, alguém que de fato existir possa .
—Aos montes, Rospo.
—Pois é, Sapabela. Se o sapo foi produtivo ao ano, se plantou o bem, cultivou boas sementes em seus relacionamentos, então gravitou ao redor de seu próprio Sol.
—Pois é também digo, Rospo. Tem sapo que andou à deriva, sem construir nada de bom, assim deslocado de seu próprio sistema solar, que é a vida que se faz.
—Outros, entretanto, giraram ao redor de sua estrela maior. Saíram de uma caverna e foram à luz solar.
—Rospo, e no meu caso?
—O que tem você de diferente?
—Suponho-me ter nascido estrela, Rospo. Como posso circular ao redor do Sol?
No peitoril de uma janela a coruja Platonilda ouvia e, satisfeita, sorria.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 —749
Marciano Vasques
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