UM PROVÉRBIO MUITO IMPORTANTE
—Rospo, adoro ser
assim um pouco atrapalhada.
—É mesmo?
—Sim, e adoro ler no
trem...
—É uma leitura
também, Rospo.
—Gosto do seu
colorido, dos seus vestidos... Aprecio seu jeito despretensioso, de
quem não quer nada, mas sei que jorra em você uma fonte de
quereres...
—Rospo, sempre vou à
luta... Estabeleço meu roteiro logo na alvorada...
—Anda muito?
—Não, não sou
candidata a nada. Meu roteiro é supostamente abstrato. Até ouvir
uma canção faz parte... Veja que meu roteiro nada tem a ver com
rotina...
—Sei, então, você é
organizada....
—Essa disciplina é
fundamental, Rospo, é o fundamento de meu próprio ser, mas, veja
bem, sou mesmo atrapalhadinha, e isso me alegra...
—Jura?
—Adoro comemorar a
inveja de alguma colega com bolo de cenoura.
—Yupiiii!
—Não pode nem ouvir
falar em bolo de cenoura, Rospo?
—Sou assim mesmo,
deselegante.
—Rospo, você é tudo
de bom, para mim. Essa sua naturalidade me encanta.
—Sapabela, palavras
elogiosas são boas, mas já deve ter ouvido um provérbio antigo,
talvez oriental...
—Que provérbio,
amigo?
—“De nada valem os
elogios se não convida o amigo para um bolo de cenoura”
—Rospo, de onde tirou
esse provérbio?
—Encontrei numa
página de “O Papiro Atômico”...
—Sei.... Está
combinado: Quando alguma amiga demonstrar inveja de alguma conquista
minha, eu o convidarei para compartilhar comigo a comemoração com o
bolo de cenoura...
—Sapabela...
—Diga, meu querido...
—Tem chance de um
licor de anis?
—Quando chegar em
casa já irei prepará-lo e guardá-lo na geladeira...
—Yupiiii! Ou melhor:
Yupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
!
—Rospo, você parece
a vida...
—Como assim?
—Ela também não
toma jeito.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2012 823
Marciano Vasques
Marciano Vasques
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