segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O SAPO E A CASCA DE LARANJA

Um passeio vespertino na calçada quando Rospo repara num cachorro dormindo.
- Veja como dorme...
- Ele que é feliz.
- Mas repare sobre ele.
- É uma casca de laranja, Rospo...
- Que alguém jogou, Sapabela.
- E qual o problema, meu amigo?
- Alguém atirou sobre o cachorro uma casca de laranja.
- Isso é grave?
- Isso é apenas um sinal de quanto pode haver de intolerância, arrogância, insensatez num Ser Humano...
- Tudo isso numa casca de laranja? Você deve estar exagerando.
- Parece exagero quando alguém diz aquilo que é tão simples, tão óbvio.
- Rospo, o cachorro nem percebeu...
- Mas eu percebi.
- Está bem, diga logo tudo.
- Alguém jogar sobre um cachorro que dorme na calçada uma casca de laranja é realmente um sinal...
- Continue...
- De que essa pessoa seria capaz de tudo.
- Ou seja, o desrespeito não tem tamanho.
- Não pode ser medido, Sapabela.
- Entendi, o desrespeito, a violência, a arrogância, é tudo igual.
- Não importa o gesto.
- Pobre cachorro.
- Pobre Ser Humano, Sapabela.


MARCIANO VASQUES
Histórias do Rospo 2010 - 6

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