terça-feira, 31 de agosto de 2010
O LUGAR DO TEMPO
"A borboleta Natali, a última da cidade, entre cinzentos prédios voa, desesperada para se livrar do infernal barulho dos carros.
Se ao menos encontrasse um jardim com crisântemos, mas não, só concreto, concreto, concreto...
Repentinamente, encontra um colibri voando cabisbaixo.
- Por que a tristeza,?
- Não tenho a quem beijar. Sou um beija - flor, lembra? Não encontro flores.
- É mesmo! Esta cidade não gosta de borboletas nem de colibris.
- Não exagera, Natali. É claro que os humanos gostam de borboletas, mas é que eles não têm tempo.
- Tempo para quê?
- Para plantar flores.
- Sei não, mas esse tempo deve estar em algum lugar. Hei de encontrá-lo, mas, que são aquelas coisas em cima dos prédios?
- Antenas, Natali, antenas de televisão. Humanos gostam muito de ficar algumas horas assistindo, às vezes, horas e horas...
- Sei, sei...É em frente dela que Ele está. É aí o seu lugar, em frente à televisão, é aí que muitos o perdem.
- Ele quem, Natali?
- Ora, o tempo. Quem mais poderia ser?
E continuaram voando entre as antenas em busca do tempo perdido... "
- Gostou, Raniere?
- Gostei, Tio Rospo. Conta outra.
- Depois eu conto...
- Está sem tempo agora?
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 206
Marciano Vasques
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ROSPO E A PRIMAVERA
- Rospo! Setembro chegou! É o mês da primavera!
- Não estávamos na primavera, Sapabela?
- Estávamos no inverno, Rospo. Você não reparou o frio?
- Mas colhi tantas flores delicadas e formosas, Sapa!
- Flores!? É inverno, meu querido. A estação do sofrimento de Deméter. Muito frio... Que flores? Andou delirando?
- Engano seu, Sapabela.
- Mais um para a coleção...
- Você coleciona enganos?
- Adoro me enganar. Mas, fale das tais flores...
- Um sapinho criança me sorriu...O céu azulejou...Vi um arco-íris e não pensei no pote de ouro...Conversei diversas vezes com você...Cuidei de um cãozinho abandonado...Contemplei a lentidão do crescimento da azaleia, a mansidão do brilho esverdeado das águas do cristalino riacho da poesia...
- Tem razão, Rospo. Foram várias flores.
- Um imenso ramalhete, um orquidário, um roseiral, um jardim botânico...
- Um imenso ramalhete, um orquidário, um roseiral, um jardim botânico...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 205
Marciano Vasques
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domingo, 29 de agosto de 2010
PALAVRA FIANDEIRA EDIÇÃO 40
NOVA EDIÇÃO DE PALAVRA FIANDEIRA NO AR
José Pejó Vernis (Espanha)
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PALAVRA FIANDEIRA
sábado, 28 de agosto de 2010
O ESPERTO E A ARROGANTE
- Olá! voltei com a elegância em dobro, o charme em triplo, a simpatia em quádruplo. Ou seja, uma centena de vezes melhor.
- Que sapo bobo!- comenta a Colibrã, para a sua amiga Sapabela.
- É...
- Bota bobo nisso! Não suporto esses sujeitos. O ano estava bom até agora. Não precisava aparecer sapo, ainda mais tão metido. É perseguição.
- Não exagera, Colibrã. Você realmente ficou perturbada.
- Não é exagero.
- O que vocês estão falando? - pergunta o batráquio.
- Por gentileza, a conversa ainda não chegou ao seu brejo. Você não tem um décimo da nossa classe, não é, Sapabela?
- Não me ponha no meio disso, Colibrã, por favor. Além do mais, que indelicadeza! Ele só quer conversar...
- Não consigo. Sou alérgica a sapos metidos...Além do mais, cada qual deve saber o seu lugar.
- Nossa! Que pensamento perigoso, coleguinha!
- É que estou exaltada, Sapabela.
- Senhora... - insiste o pobre.
- Senhorita, por favor!
- Diga, amigo...- pede complacente a Sapabela.
- Se eu tivesse um centésimo da beleza de vocês...principalmente a sua amiga, mas alguns nascem feios enquanto outros brilham...
- Com a arrogância abalada, Colibrã pergunta:
- O que disse, meu rapaz?
- Está interessada no papo dele, Colibrã?
- Nossa! Que sapo educado! É uma raridade, com certeza.
E o sapo prossegue torpedeando.
- Logo percebi que vocês são especiais, principalmente a senhorita Colibrã, que, além da simpatia, parece uma sapa bem inteligente. Porém o que meus olhos estão vendo é uma sapa dotada de uma beleza carismática.
- Sinto que você amoleceu, Colibrã...
- É impressão sua, Sapabela, ele não me modificou em nada...nem um décimo...Acho apenas que ele é esperto...
- Esperteza da boa, não é? Mas, para mim ele foi sincero...Você precisa apenas viver em sintonia...
- Como assim?
- Em sintonia com a sua beleza, minha amiga. Ou seja, beleza só no exterior não vale. Não adianta ser bela por fora e arrogante por dentro. Por dentro você é mais feia que o sapo... Tchau, minha querida amiga...
- Você me fala isso e ainda diz que é minha amiga?
- Por isso mesmo.
Como às vezes é difícil aceitar a verdade, a Colibrã dá de ombros e encontra uma saída, murmurando:
- "Invejosa. Está com inveja!" - E você? Está olhando o quê? Caia fora!
E no seu caminho, lá vai a Sapabela a pensar:
- "Saudades do Rospo..."
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 204
Marciano Vasques
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sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O OLHAR DO SAPO ATRAVÉS DOS TEMPOS
- Sapabela, o sapo olhou para os oceanos e criou seres fantásticos, criaturas imensas...
- Lindo!
- E olhou para as florestas e criou seres assombrosos, criaturas assustadoras, aventuras incríveis, espíritos da mata...
- Maravilhoso!
- Depois, ergueu os olhos para o céu...
- Para o espaço infinito...
- Isso mesmo.
- E o que aconteceu, Rospo?
- Criou viagens interplanetárias, aventuras nas galáxias, invasões alienígenas, guerra nas estrelas, seres de outros mundos...
- É tudo tão emocionante...
- Pois é, Sapabela, veja que a companheira do olhar do sapo jamais o abandonou...
- Companheira?
- Sim, a imaginação.
- É verdade, para aonde vai o seu olhar, segue essa fértil companheira...
- Infinita como o universo...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 203
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
SAPABELA E O "HOJE"
- Sapabela, você é um amor!
- Isso eu já sei, Rospo.Tem que me contar novidades, coisas que ainda não sei.
- Espirituosa.
- Sabe, amigo. Estou brincando, mas, estive pensando: Todos os dias são importantes, mas tem um que além de importante é por demais especial.
- Diga.
- É o "Hoje"...
- Por que?
- Por representar uma nova chance de você se aperfeiçoar. Tentar novas coisas. Mas...tenho uma dúvida. Um sapo com 80 anos, por exemplo, também precisa se aperfeiçoar?
- Claro! Senão, corre o risco de envelhecer...
- Para que se aperfeiçoar tanto, se um dia...morre?
- Quando morrer não mais terá chance, Sapa...Não existirá um só "Hoje"...
- E sem o "Hoje", você não existe...Desaparece...Morre dentro da morte...
- Qual é a vantagem de se aperfeiçoar tanto?
- Ora, Sapa, o aperfeiçoamento individual e interior é a compreensão do mistério da vida, é um compromisso com o mistério...além, é claro, de ser a maior contribuição que um sapo pode ofertar ao mundo...
- O mundo merece?
- Claro! Pois é maravilhoso...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 202
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
EU ME LEMBRO
Capa do Livro do Concurso "Valeu, Professor!", realizada pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. A Capa foi escolhida pelo Público durante a Bienal do Livro, em Agosto de 2010.
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EVENTOS LITERÁRIOS
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
ROSPO PROVOCATIVO
- "Onde se ganha o pão não se come a carne".
- Sapabela! Você adora provérbios, mas esse é forte.
- Gostou?
- Sim, e falando nisso, jamais me envolvi com namoro no ambiente de trabalho...
- Parabéns, Rospo!...Mas as sapas do "ambiente de trabalho" também têm coração, também amam...
- Verdade, Sapabela, porém o coração que cumpre horário não pode bater descompassado...
- Está falando sério?
- Claro, Sapabela, mas deixe-me explicar. Um amor no ambiente de trabalho gera comentários, fofocas...
- Por que os sapos agem assim? Cuidando e se intrometendo na vida dos outros? Em vez de fofocar...
- Poderiam escrever...
- Escrever?
- Sim, transformariam em literatura os belos casos de amor que surgem no cotidiano...
- Rospo, Você cumpre horário?
- Não tenho tempo para isso.
- Às vezes você me confunde. Deveria saber que o amor não pede licença para acontecer e muito menos se importa com relógio de ponto...Acho que você jamais paquerou na missa. Deveria saber também que coração palpitando na missa é igual um apaixonado olhando o seu amor na roda gigante...
- Sapa, parece que você levou muito a sério a provocação...
- É, desculpe-me. Esqueci que estou com o Rospo, o sapo que adora tomar sorvete na chuva... E só poderia estar brincando...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 201
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
ROSPO E O PENSAMENTO
- Rospo, você é livre?
- Não tenho independência econômica, mas tenho algo precioso.
- O que é?
- O meu pensamento, Sapabela.
- Isso todo mundo tem.- Engano.
- Mais um?
- Ora, Sapa, o pensamento só é livre quando não é dirigido, quando não é guiado...
- Sim?
- Por nenhuma religião, nenhum partido político, nenhuma instituição, nem a familiar...
- Rospo, você está exagerando. Os sapos precisam de orientação, de "disciplina espiritual"...
- Como você é espirituosa!
- ...senão o pensamento...fica desembestado e pode galopar sem freios pela cidade...
- E a cidade amanhecerá numa riqueza, num manancial de poesia...
- Mas nem sempre o pensamento livre torna-se poético. Tem muita maldade no brejo, querido...
- Só tem uma saída, Sapabela.
- Qual?
- Livros.
- Mas, enquanto a leitura não estiver ao alcance de todos, o que pode ser feito?
-Então, para muitos, só resta as rédeas da sociedade.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 -- 200
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
LEITORES FIEIS
- Veja, Sapabela! Lá vai um livro!
- Está maluco, Rospo? É apenas um sapo.
- Por acaso, você me chamou?
- Sim, Sr. Literatura. Preciso perguntar algo.
- Pois não.
- Certamente, você tem uma história de vida.
- Minha vida daria um livro.
- Eu não disse, Sapabela?
- Não havia pensado nisso. Cada sapo é um livro em potencial.
- É só isso, meu amigo. Boa viagem.
- Rospo! É incrível! Cada um tem uma história. Cada um é um livro que não foi escrito.
- E tem mais.
- Tem?
- Cada livro não escrito pode ser lido.
- De que forma?
- Quando você conversa com um sapo e ouve o que ele diz, o que ele conta...
- Sim?
- Você está lendo o livro que ele é. É uma outra forma de leitura.
- Rospo, posso contar um segredo?
- Fale.
- Eu adoro "Ler" você.
- Isso é segredo?
- Não seja convencido.
- Cada vez que eu a "leio", o prazer da leitura aumenta, Sapabela.
- Então somos grandes leitores.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 199
Marciano Vasques
- Está maluco, Rospo? É apenas um sapo.
- Por acaso, você me chamou?
- Sim, Sr. Literatura. Preciso perguntar algo.
- Pois não.
- Certamente, você tem uma história de vida.
- Minha vida daria um livro.
- Eu não disse, Sapabela?
- Não havia pensado nisso. Cada sapo é um livro em potencial.
- É só isso, meu amigo. Boa viagem.
- Rospo! É incrível! Cada um tem uma história. Cada um é um livro que não foi escrito.
- E tem mais.
- Tem?
- Cada livro não escrito pode ser lido.
- De que forma?
- Quando você conversa com um sapo e ouve o que ele diz, o que ele conta...
- Sim?
- Você está lendo o livro que ele é. É uma outra forma de leitura.
- Rospo, posso contar um segredo?
- Fale.
- Eu adoro "Ler" você.
- Isso é segredo?
- Não seja convencido.
- Cada vez que eu a "leio", o prazer da leitura aumenta, Sapabela.
- Então somos grandes leitores.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 199
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
terça-feira, 24 de agosto de 2010
SAPABELA E O PRESENTE
Estava a Sapabela colibrindo o dia com poesia, quando chegou o amigo Rospo.
- Sapabela, como vai?
- Estou no "Hoje", meu amigo.
- Que papo é esse, Sapa?
- Não penso no futuro e não me prendo ao passado...
- Sei, está vivendo intensamente...
- Já que fui presenteada, prefiro viver o presente...
- Entendo, o "Ontem" já passou... Mas, aqui no brejo dizem que recordar é viver novamente...
- Sentir saudades do tempo já vivido até que é bom, mas o "Hoje" é um presente e tanto.
- E o futuro, Sapabela?
- Só existe o presente, Rospo.
- Mas é bom sonhar com o futuro, Sapa...
- Adoro sonhar, Rospo, mas, que presente é viver!
- Uma coisa não anula a outra.
- Viver intensamente o presente é o sonho que mais acalento.
- "Ela está um pouquinho radical hoje, mas não deixa de ter razão..."
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 198
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
O GOSTO ECLÉTICO DO SAPO
- Sapabela, gosto de Mozart...
- Que bom!
- E gosto também de Vivaldi, de Tchaikovsky, de Bach, de Brahms...
- Sei.
- E gosto também de Tonico e Tinoco...
- Interessante.
- Gosto de músicas com letras simples...
- Isso é bom...
- Esse é o mistério.
- Nem sabia que havia um mistério...
- Sempre há.
- Mas, qual é o mistério?
- Gostar de Mozart e de Tonico e Tinoco...
- É simples...
- Então diga...
- Você gosta de tudo que é autêntico.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 197
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
ROTAÇÃO OU TRANSLAÇÃO?
- Rospo, qual deveria ser o movimento preferido de um sapo?
- O de translação...
- Por que não o de rotação?
- Rotação é girar em torno de si mesmo, como um pião ou um disco...
- E translação é girar em torno do Sol, ou seja, uma estrela...
- Estrela é luz.
- Mas sempre completa um ciclo, uma volta...Sempre retorna ao mesmo lugar...
- Mas é uma aventura extraordinária...
- Girar em torno de si pode ser interessante... Para rever os erros, o aprendizado...
- O ideal é efetuar os dois movimentos...
- No seu caso, isso é difícil...
- Por que?
- Primeiro, que você não é um planeta, pois tem luz própria... depois...porque você é um errante, um astro errante.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 196
Marciano Vasques
- O de translação...
- Por que não o de rotação?
- Rotação é girar em torno de si mesmo, como um pião ou um disco...
- E translação é girar em torno do Sol, ou seja, uma estrela...
- Estrela é luz.
- Mas sempre completa um ciclo, uma volta...Sempre retorna ao mesmo lugar...
- Mas é uma aventura extraordinária...
- Girar em torno de si pode ser interessante... Para rever os erros, o aprendizado...
- O ideal é efetuar os dois movimentos...
- No seu caso, isso é difícil...
- Por que?
- Primeiro, que você não é um planeta, pois tem luz própria... depois...porque você é um errante, um astro errante.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 196
Marciano Vasques
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segunda-feira, 23 de agosto de 2010
FALANDO DE UTOPIA E DESEJO
- A utopia é necessária, Rospo?
- Em certas circunstâncias, sim.
- Podemos dizer que a circunstância é a mãe da utopia?
- Sim, uma madrasta cruel e terrível, na verdade.
- Você disse que a utopia e o desejo são diferentes. Pode falar um pouco mais sobre isso?
- O desejo é para ser realizado, para ser alcançado...
- E a utopia?
- É para ajudar a manter, a garantir, a sobrevivência e a lucidez em situações extremamente difíceis, de muito sofrimento, escassez, penúria e dor...
- Então, sendo assim, desejar é...
- É transformar...
- Desejo é transformação?
- É a semente para a mudança...Para que uma mudança ocorra, haverá sempre primeiro o desejo...
- O desejo é benéfico?
- Claro! Viva o desejo!
- Ele depende da necessidade?
- Ele é a própria, mesmo que, aparentemente, surja apenas como um prazer...
- Parece um pouco complicado. Mas, decididamente, desejo e utopia são diferentes...
- O desejo é inerente ao Sapo, e a utopia é um sonho de desespero para manter a vida...
- Rospo, agora preciso ir, mas quero continuar essa conversa...
- Sapabela, nossa conversa é um fio que não se extingue... Aliás, conversa boa jamais termina...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 195
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
NOVAS FOTOS ESTÃO CHEGANDO
Leitora Maria Rita Caetano no lançamento de Letras Sapecas, em 14 de Agosto de 2010, no Stand da Paulinas, na Bienal do Livro, em São Paulo
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BIENAL DO LIVRO LETRAS SAPECAS
O SAPO E O DESEJO
- O mundo gira em torno do desejo, Rospo.
- O mundo é um imenso desejo...
- É?
- Quando não for mais, perderá o sentido, a graça e o colorido...
- Do que está falando? Das utopias?
- Não, Sapabela, desejo e utopia não são sinônimos. O desejo é para ser alcançado, ele move os passos em direção à realização. O mundo desejado é o ideal na vida de alguém e também na sociedade dos sapos.
- Todo desejo deve ser alcançado?
- Sim, para que gere outros desejos. A cada novo desejo que brota, a vida se torna imensa...e infinita.
- A vida não é infinita, Rospo. A brevidade é a sua lei.
- Engano.
- Outro?
- A vida é sim infinita. Renasce num perpétuo ciclo. Essa é a sua eternidade.
- Então, não há vida eterna, como imaginam...
- A eternidade é composta de vidas que morrem e renascem...
- Explique isso, Rospo...
- Minha querida Sapabela, quando, seguindo as leis naturais, um sapo velho morre, mas no mesmo instante você vê uma pipa no ar, sabe que a vida renasce num sapinho...
- Entendi. E isso acontece por causa do desejo...
- Sim, Sapa, eu, você, cada um de nós é o desejo que dá sentido ao mundo. A vida é pura desejabilidade.
- Rospo, ísso tudo que você falou é uma nova metafísica?
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 194
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
ROSPO E A POESIA
- Rospo, diga algo que não se torna mercadoria.
- A poesia, Sapabela.
- Errou.
- Errei?
- Veja, comprei um livro... de poesia.
- E dai?
- Comprei a poesia.
- Não, Sapabela, você comprou um livro, o veículo maravilhoso que abriga, transporta e conserva a poesia, mas, jamais poderá comprá-la.
- Você está certo?
- A poesia atravessa os tempos, está no sussurro de mil gerações, mora na ventania e na poeira dos séculos...Jamais será transformada em mercadoria.
- Mas o autor recebe direitos autorais...
- É para proteger os que escrevem...
- Não é uma forma de vender?
- Não, é apenas uma forma de proteger aquilo que jamais alguém poderá comprar...
- Meu amigo, o mundo poderia ser como você...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 193
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
domingo, 22 de agosto de 2010
NAS ONDAS DO RÁDIO - 2
Marciano Vasques sendo entrevistado no Programa "Nas Ondas do Rádio", na Bienal do Livro, em 21 de Agosto de 2010.
O público ouviu a radionovela "GRISELMA"
Fotos enviadas por Daniel Alves Vasques
Fotos enviadas por Daniel Alves Vasques
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EVENTOS CULTURAIS
NAS ONDAS DO RÁDIO - 1
Marciano Vasques realizando entrevista no Programa "Nas Ondas do Rádio", na Bienal do Livro, em 21 de agosto de 2010.
Seu livro GRISELMA, foi transformado numa radionovela.
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EVENTOS CULTURAIS
CARICATURA FEITA PELO DANILO
Caricatura de Marciano Vasques na Livraria Cortez, feita por Danilo Marques, durante palestra do autor.
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ARTISTAS
sábado, 21 de agosto de 2010
NO STAND DA AEILIJ, NA BIENAL
Marciano Vasques no Stand da AEILIJ,
em 20 de agosto de 2010, com visitantes.
Entre eles, Jéssica Lima.
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BIENAL DO LIVRO LETRAS SAPECAS
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
A CHAVE DO SAPO
- Rospo, já fechou o seu coração para alguém?
- Não tenho a chave, Sapabela.
- Não tem? E onde a deixou?
- Joguei ao rio...
- No rio?
- É. A vida que passa...
- Por que fez isso, meu amigo?
- Para manter o meu coração sempre aberto...
- Mas consegue perceber quando uma sapa está apaixonada por você?
- Sapabela, meu coração anda tão povoado...
- Namoradas?
- Não, Sapabela, não se trata de nenhuma rã.
- Então, que povoamento é esse?
- A poesia, a literatura, o teatro, o cinema, as artes plásticas, o jornalismo, o cultivo da amizade...
- Chega, Rospo! Já entendi...
- Ficou chateada?
- Não, apenas preciso de um endereço...
- Para onde quer ir?
- Esquece...
Depois, a Sapabela pensativa:
- "Querer eu não quero, mas acabarei chegando ao 'bosque da solidão'..."
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 192
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
OBSERVANDO O ROSPO
- Aonde vai tão apressado o Rospo? Está disparando.
-Sei não. Às vezes penso que nosso amigo é meio maluco, Colibrã.
- Rospo! Aonde está indo correndo assim?
- Ao fórum.
- Colibrã, será que ele está com algum problema?
- Sei também não, Sapabela, mas vou segui-lo.
- Também vou.
- Deixe-me ir sozinha.
- Faço questão de ir.
Atrás das folhagens, as duas observam o Rospo à beira do rio.
- Sapabela! Ele está apenas refletindo, pensando...
- É mesmo Colibrã! Mas já sei do que se trata.
- Diga.
- É o tal do "Fórum íntimo"
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 190
Marciano Vasques
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quinta-feira, 19 de agosto de 2010
AS PALAVRAS DE UM AMIGO
Olá Amigo ! Que prazer enorme ter vc como um dos meus maiores amigos! Seja bem vindo, quero aproveitar para dizer que estou muito feliz por vc ter plantado mais uma das milhares de sementes do bem no coração e na mente das crianças brasileiras, mais uma das tantas que já semeou com suas obras de literatura infantil: a mais recente, "Letras Sapecas", lançado em 14 de agosto. Vc, amigo, é um baluarte da literatura infantil brasileira. Parabéns! Sinto orgulho em ser seu amigo e de sua familia. Um beijo no coração de todos. Qualquer dia destes nos encontraremos para falar de paz, amor, e tomar um bom vinho.
Nilton Dourado
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AMIGOS
OLHARES DA SAPABELA
Rospo e Sapabela numa galeria de arte, quando o assunto começa:
- Foi aqui que descobri que tenho mil olhos.
- Está a me dizer, Sapabela, que seu olhar é múltiplo?
- Sim, ele se reparte em mil olhares...
- De que forma isso acontece?
- É simples, Rospo, cada vez que estou em uma exposição, cada quadro, cada tela, cada pintura que eu vejo me acrescenta um novo olhar...
- Nossa!
- É o olhar do artista. A cada nova obra de arte, um novo olhar se agrega...
- Interessante...
- Quando um artista pinta um quadro ele oferece o seu olhar para a sociedade, e assim, cada sapo que apreciar e se apaixonar pela sua arte, terá um olhar acrescido...
- Sapabela, sei o quanto aprecia e ama a arte, sendo assim posso dizer que logo terá um milhão de olhares...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 190
Marciano Vasques
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O OLHAR DA SAPABELA
- Que belos olhos tem você, Sapabela!
- Obrigada, foram anos de persistência, de aprendizado, de esmero...
- Esmero? Está me dizendo que seu olhar foi embelezado com o tempo? Como foi isso?
- Muitas obras de arte, muitas pinturas, cores...
- Muitas obras de arte, muitas pinturas, cores...
- Sempre apreciou a arte, não é?
- Sim, e também a natureza...
- Dê um exemplo.
- A aranha artesã, o azul celeste, o lilás, as flores, os jardins...
- Entendi. Você sempre direcionou seu olhar para as coisas belas...E então ele foi embelezado... Além das flores, das verdejantes montanhas, do amanhecer dourado, da noite derramando luar, das obras de arte, o que mais embelezou o seu olhar?
- Um certo sapo... bonito de se ver.
- Sapabela, assim fiquei encabulado.
- Mais bonito ainda ficou.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 189
Marciano Vasques
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010
O SAPO E A TERNURA
- Rospo, qual é a força mais poderosa de um sapo?
- A ternura.
- Está louco?
- A ternura e o seu broto.
- Broto?
- O sorriso.
- Você acredita nisso?
- Sim, contra a força bruta brota o sorriso na ternura, que anula...
- Rospo, o mundo é real!
- A ternura também.
- Mas não dá certo. Precisa muita ternura para acabar com a força bruta.
- Comece por você.
-Eu? Eu já sou terna.
- Por isso tem esse sorriso...
- Gosta do meu sorriso?
- Ele me norteia, me orienta, clareia o meu caminho...
- Você está tão gentil hoje, Rospo.
- É a minha "porção Sapabela"...
- Nem sempre sou tão delicada, tão amorosa. Às vezes tenho que ser ríspida, um pouco brava...
- Mas é uma braveza educativa, tenho certeza.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 188
Marciano Vasques
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terça-feira, 17 de agosto de 2010
A APOSENTADORIA DO SAPO
- Rospo! Estou tão feliz!
- Posso saber o motivo da sua felicidade, meu amigo?
- A minha aposentadoria saiu. Estou aposentado!
- Parabéns! E o que você pretende fazer? O que pretende produzir?
- Fazer? Produzir? Ora, Rospo, agora vou poder dormir até tarde! Vou poder deitar no sofá todas as tardes e assistir à televisão...Vou aproveitar para descansar bem.
- Dormir até tarde? Ora, não me diga que não vai criar nada, não vai produzir, não vai inventar coisas para fazer...
- Chega, Rospo, não quero inventar nada. Trabalhei trinta e cinco anos da minha vida, quero mesmo é gozar a minha aposentadoria, ficando de pança para o ar, quero só curtir...
- Não vai ler? Não vai escrever? Não vai...
- Sapo, estou aposentado, não quero mais nada, compromisso comigo já era.
- Pena morrer tão jovem...
- O que disse?
- Nada, pensei alto. Boa sorte, e "aproveite" bastante a sua aposentadoria...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 187
Marciano Vasques
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HISTÓRIAS DO ROSPO 2010
LINDO AMARELO
Cena do musical "Sapecando Cantigas", com o grupo "Encanto Encena", no lançamento do livro "Letras Sapecas", na Bienal do Livro - 14 de Agosto de 2010 - São Paulo - Brasil
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NO STAND DA PAULINAS
Marciano Vasques assistindo ao musical "Sapecando Cantigas", na Bienal do Livro, 14 de agosto de 2010 - São Paulo - SP
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segunda-feira, 16 de agosto de 2010
GRUPO ENCANTO ENCENA
O Grupo "Encanto Encena" apresentando o musical "Sapecando Cantigas" no Stand da Paulinas, na Bienal do Livro, em 14 de Agosto de 2010.
São Paulo - Brasil
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SAPECANDO CANTIGAS
Vocês conhecem a Melissa?
Camila numa cena do musical "Sapecando Cantigas"
Bienal do Livro - 14 de Agosto de 2010
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PÚBLICO CONVIDADO
Público no lançamento de "Letras Sapecas"
Bienal do Livro - 14 de agosto de 2010
- Stand da Paulinas
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