- Vote em mim! - dizia a placa carregada pelo Rospo.
- Mas você não é candidato, Rospo!
- Por isso mesmo.
- Não entendi!
- Ora, Colibrã, melhor votar em quem não é candidato...
- Anda muito decepcionado, não é, Rospo?
- Pois é...
- O que mais o decepcionou?
- O sacrifício do intelecto em troca de cargos públicos... e a incapacidade de reação da saparia do brejo diante dos escândalos...
- Compreendo...A consciência está adormecida...
- A consciência tornou-se prática para a maioria, um pragmatismo individual. De um lado a pobreza, de outro os poderosos do sistema financeiro...A consciência atrelou-se, e assim se turvou. Bem, vou indo.
Rospo prossegue na sua calçada de aparência solitária quando avista a Sapabela.
- Gostei da brincadeira, Rospo, mas deixe pra lá essa placa, e vamos embarcar num sorvete. Tenho uma conversa nova, esperando a estreia.
- Nada como a Sapabela para me pôr nos eixos...
- Como anda a poesia, Rospo?
- Sapabela, por que você sempre aparece nas horas certas? Como consegue isso?
- Talvez eu venha flutuando no vento da poesia.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 -263
Marciano Vasques