sábado, 15 de maio de 2010

MULHER, TEU NOME É EVA

Marciano Vasques
  

MULHER, TEU NOME É EVA

No período medieval, a mulher foi vista pelos religiosos como naturalmente inferior ao homem, que afinal foi criado à imagem e semelhança de Deus.
Durante séculos, prevaleceu a dominação do esposo sobre ela, e as dores do parto eram vistas como castigo. À mulher sempre coube a submissão. A inferioridade feminina vinha da fraqueza de Eva e da fragilidade física do sexo, mas também da fragilidade diante dos perigos da carne, da fraqueza ante o prazer, o prazer da carne, o prazer do corpo, a provocação de paixões.
A mulher sempre lidou mais favoravelmente com o corpo. Toda a sua vida sempre foi excessivamente atenciosa para com o corpo. Isso foi sempre visto com desconfiança e medo pelo discurso do olhar machista. A recusa do corpo, do prazer, foi confinada aos ditames de religiões edificadas, e organizadas por homens.
O cristianismo sempre desconfiou do prazer, que foi associado à figura feminina, portanto, a mulher sempre representou o perigo, que atormenta o sexo masculino. Milhões de seres foram escravizados, submetidos, anulados por causa do texto original. (ou por causa de um olhar interpretativo?).
Com o deus masculino, sociedades patriarcais foram erguidas através dos tempos e a mulher submetida ao silêncio. Seu útero, o alojamento da vida, seu corpo, sua beleza natural, sua graciosidade, tudo foi soterrado no âmbito do argumento doentio do pecado, do perigo, da fraqueza. Com o medo instalado em seu coração, o masculino construiu um inimigo onde havia um parceiro. A manutenção do silêncio, do olhar abaixado e da submissão garantiu um longo reinado do homem sobre a mulher. O mal causado na evolução humana é irreparável.
Atualmente, teólogas femininas oferecem uma nova interpretação ao mito de Eva, retratada no texto bíblico como a responsável pela queda, por ter caído em tentação, originando assim o mito do sexo frágil. Não é só de fraqueza que sobrevive a Eva no imaginário contemporâneo. Essa importante figura bíblica está sendo resgatada pelo olhar crítico do feminino.
Ela não foi castigada, revela o olhar feminino de diversas analistas, entre as quais teólogas, historiadoras e lingüísticas, que retiram das mãos masculinas a interpretação bíblica, mãos que durante séculos mantiveram a exclusividade interpretativa.
Finalmente analisado por mulheres, o texto bíblico é reavaliado e uma nova interpretação vem à luz.
Afinal, perguntam as estudiosas, por que as mulheres foram retratadas tão negativamente pelos textos da religião? O que se ocultou por trás de tanta inimizade e desconfiança?
A Bíblia, livro patriarcal de literatura bela, que inaugurou no oriente o conceito de livro sagrado, de obra inspirada pelo espírito santo, escrita pelo divino através dos homens, a serviço do homem, justificou a submissão da mulher ao senhor. Em outras mitologias isso também ocorre, talvez não com tanta veemência, talvez não tão agressivamente como no texto bíblico.
A bíblia está repleta de fragmentos literários que culpam a mulher, criada para servir ao homem, ora submetida à vontade divina, ora a dos homens.

Tudo não passou de uma interpretação do olhar masculino, afirmam estudiosas, pois finalmente a Bíblia estaria mesmo dizendo que a mulher é inferior?
A tese da estudiosa Carol L.Meyers interpreta Gênesis: Deus não falou em castigo no texto bíblico, as dores do parto referiam-se às difíceis condições de vida da época. Tudo pode ter sido uma interpretação tendenciosa.
De qualquer forma, o assunto é fascinante e representa a possibilidade da nova revolução cultural no XXI. A trajetória da mulher é heróica, passou por períodos tenebrosos, de sofrimento e amordaçamentos, até chegar ao Hoje, quando vislumbra uma nova era, de reencontro com a dignidade humana em plenitude.
Ler a Bíblia com o olhar libertador é benéfico para a alma e faz a humanidade avançar, acreditam as estudiosas do texto original.


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2 comentários:

  1. HOLA MARCIANO:

    También Dios es considerado como ABBA, PADRE Y MADRE a la vez.

    Cierto que a las mujeres siempre se nos ha considerado inferiores al hombre.
    Por ejemplo Sta. Teresa de Jesús, fue una mujar que dentro de ser monja supo ser rebelde y la Inquisición iba a por ella.

    Sabes una de las mujeres que más admiro es a Maria la Madre de Jesús, por su valentía.

    Gracias Marciano por tu apoyo a las mujeres, que aún continuan estando maltratadas en muchas Culturas, incluso en la nuestra por el machismo malentendido.

    Gracias Marciano por tu apoyo a la mujer.

    Un abrazo desde Valencia, Montserrat

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  2. Olhar a Bíblia com um olhar libertador é tudo que precisa ser feito. Pois Jesus sendo a Própria encarnação do Verbo, mostrou-nos a interpretação de toda a palavra de Deus : Libertação e Vida em abundância!
    Mas os seres humanos em geral,ainda preferem usar a Bíblia para subjugar os povos,a mulher é apenas mais um exemplo,de como poucos tentam sempre ser donos do demais.
    Para mim,Deus nunca se apresentou como um machista que me subjugou, isso é coisa de homens.Conhecer a Deus intimamente quebra todo esse sofisma.
    Um grande abraço.
    Parabéns pelo post!

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