segunda-feira, 31 de maio de 2010

O SAPO E A PRODUÇÃO INVISÍVEL



- Rospo! Tem que produzir! Fica o dia inteiro perambulando.
- Algumas produções são invisíveis.
- Diga uma.
- Escrevo poemas.
- Poesia não move a engrenagem da vida.
- Outro engano seu, Sapabela.
- Vivo me enganando...
- Enganos produtivos, minha querida.
- Nossa!
- É o seguinte: um alguém ao ler um poema se modifica. Torna-se um leitor. E só isso já é um investimento da poesia.
- Entendi. Ao modificar alguém, a poesia já produziu.
- Exato! Um olhar modificado vê as coisas com mais nitidez. Vê o mundo como uma grande novidade.
- Tem razão, Rospo. A poesia tem resultados invisíveis. Está mesmo certo.
- Às vezes eu acerto.

MARCIANO VASQUES
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 70

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