segunda-feira, 21 de junho de 2010

A CARTA DO ZANOTO


A CARTA DO ZANOTO



Num mundo de miudezas e grandezas, no dia frio em que morreu José Saramago, a voz lúcida da ilha, cumprindo um dos meus rituais literários fui até a minha caixa postal, a mais antiga da agência dos correios de Itaquera.
A televisão respirando copa do mundo, a "alegria" sendo enfiada goela abaixo, mas nesse dia, ela estava lá: a carta do Zanoto.
Sim, o Zanoto ainda escreve cartas, e que alegria a minha receber uma delas!
O cronista de Varginha, de alma universal e amor poético no coração, conta sobre a sua saúde, relembra o nosso encontro, quando, num dia de janeiro, fui a Varginha apenas para abraçá-lo. "Viagem maluca", ele disse. Ir e voltar no mesmo dia. Certas viagens curtas se tornam longas na memória do tempo.
Também fala sobre os seus "Diversos Caminhos", página que manteve durante anos e anos no jornal "Correio do Sul", na qual sempre divulgou poetas consagrados ou em início de carreira, e até os que apenas escrevem poemas, sem pretensão de fama ou carreira.
A lenda viva entre escritores e poetas do Brasil é uma pessoa especial, como Rosemary Lopes Pereira em Apucarana. São radares, caleidoscópios da alma, entrelaçam-se nos diversos caminhos da rua longa.
E eu, em plena era cibernética, tecnológica, aperto entre os dedos a carta do Zanoto. É a minha riqueza.


MARCIANO VASQUES


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