terça-feira, 6 de julho de 2010

O SAPO CRÍTICO







- Rospo, como é essa história de ouvir alguém contar um caso e transformar isso em literatura?
- Não, Sapabela. Ele, o escritor, não transforma nada em literatura. A coisa já é literatura. Ele apenas recolhe. As pessoas e os sapos nem imaginam o que tem de literatura em suas conversas. Basta alguém recolher...
- Então, quem faz isso não merece um CASCUDO?
- Exato! Câmara Cascudo, Jorge Amado, os irmãos Grimm, Gabriel Garcia Márquez, Vargas Llosa, Monteiro Lobato...
- Entendi. Então a tia Anastácia...
- Claro, ao reproduzir fielmente uma fala você está consolidando o estatuto literário no texto oral que clamava...
- Pare, Rospo! É muita coisa para a minha cabeça...E senti que você está muito crítico hoje.
- Essa é a graça, a beleza da vida...
- Ser crítico? Mas você não corre o risco de ser chamado de radical?
- Ah, que bom seria...

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 108
Marciano Vasques
Ilustração: Daniela Vasques


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