quinta-feira, 8 de julho de 2010

ROSPO VAI AO TEATRO

- Rospo, aonde está indo?
- Ao teatro, adoro Artes Cênicas.
- Tem sapos que adoram Artes Cínicas.
- Artes Cínicas? Nunca ouvi falar. Pelo que sei, nenhuma arte é cínica. Fale sobre isso, Sapa.
- São as artes sem compromisso.
- As Cômicas?
- Não! As Cômicas têm compromisso sim, e muito. Compromisso com a vida, com a ilusão, com a reflexão. Fazer rir ou fazer chorar são dois encantos da verdadeira arte. As Cômicas não são Cínicas, são Cênicas. Aliás, toda arte autêntica é Cênica.
- É mesmo, Sapabela?
- Claro! Arte encena a vida, ou o sonho. Todo artista é um risco luminoso no azul, pirilampo numa floresta imensa de incertezas e rumos dispersos. Toda arte autêntica é Cênica. Até uma poesia.
- Uma poesia?
- Até, e principalmente uma poesia infantil, pois o cenário é sempre a alma e sua abrangência.
- No caso da Poesia Infantil é também a alma da criança.
- Que todo poeta preserva e nos devolve na aspereza do cotidiano. Se você está distraído em seu sufoco e por acaso se depara com um poema infantil, tem uma oportunidade extraordinária e radical de mudar o rumo da sua vida, ou do seu sentir.
- Sapabela! Você me impressiona! Dizer que o cenário da poesia infantil é a alma da criança que está no poeta...Nossa! Como isso é profundo!
- E tem mais...
- Tem?
- Sim, como eu disse, todas as artes são cênicas: o teatro, a música, a pintura...
- Não sabia que você entendia tanto de arte...
- Quando eu era criancinha, uma sapinha, era muito arteira, como deve ser toda criança, e me lambuzava nas tintas da minha imaginação, e fazia teatro nos palcos da casa e do quintal...
- Mas o que é uma arte cínica?
- É a arte sem compromisso, aquela que não é natural, é feita apenas por uma imposição do dinheiro, é a arte puramente mercadológica, que nada acrescenta ao Ser. É a arte oca, que nada diz pois nada tem a dizer, e até aliena com a sua "omissão".
- Sapabela, como é bom ouvir você! Mas, só está faltando uma coisa:
- O que?
- Aceitar o meu convite para ir ao Teatro.
- Você não convidou!
- Às vezes sou um pouco vagaroso...
- Típico de alguns sapos...
 - Mas está convidada agora. E bem sabe: amigos devem ir ao teatro juntos... E também ler poesia, ouvir músicas...
- Rospo...
- Sim?
- Você é um belo cenário.
- Há?


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 115

Marciano Vasques

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