segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O SAPO E O DESEJO

- O mundo gira em torno do desejo, Rospo.
- O mundo é um imenso desejo...
- É?
- Quando não for mais, perderá o sentido, a graça e o colorido...
- Do que está falando? Das utopias?
- Não, Sapabela, desejo e utopia não são sinônimos. O desejo é para ser alcançado, ele move os passos em direção à realização. O mundo desejado é o ideal na vida de alguém e também na sociedade dos sapos.
- Todo desejo deve ser alcançado?
- Sim, para que gere outros desejos. A cada novo desejo que brota, a vida se torna imensa...e infinita.
 - A vida não é infinita, Rospo. A brevidade é a sua lei.
- Engano.
- Outro?
- A vida é sim infinita. Renasce num perpétuo ciclo. Essa é a sua eternidade.
- Então, não há vida eterna, como imaginam...
- A eternidade é composta de vidas que morrem e renascem...
- Explique isso, Rospo...
- Minha querida Sapabela, quando, seguindo as leis naturais, um sapo velho morre, mas no mesmo instante você vê uma pipa no ar, sabe que a vida renasce num sapinho...
- Entendi. E isso acontece por causa do desejo...
- Sim, Sapa, eu, você, cada um de nós é o desejo que dá sentido ao mundo. A vida é pura desejabilidade.
- Rospo, ísso tudo que você falou é uma nova metafísica?

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 194

Marciano Vasques

Um comentário:

  1. "desejo e utopia não são sinônimos", que bom, né :) Mas ambos fazem um bem imenso à alma

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