quinta-feira, 5 de agosto de 2010

ROSPO NO METRÔ



Inconformado com o fato de uma senhora sapa viajar ao lado de sua filha sem dizer uma palavra com a sapinha, Rospo bota a boca no ar.
- Minha senhora, chegamos. É a última estação.
- Eu sei, sapo! Eu vi.
- Mas não viu a sua própria indelicadeza, a sua própria estupidez, que geralmente é "Invisível" aos próprios olhos.
- Do que o senhor está falando? Por acaso me conhece?
- Conheci nesta viagem. Por que faz isso com o futuro?
- Você é maluco? Nem sei do que está falando...
- Não trocou uma palavra com a sua filha. Ficou ao lado dela em silêncio, como se ela fosse uma desconhecida...Por acaso não sabe que criança adora conversar? Quer que ela fique parecida com a senhora?
- Seu sapo atrevido! Se eu não conversei com a minha filha, o que o senhor tem a ver com isso?
- Tenho tudo a ver. A criança, o sapinho, é da sociedade, é de todos, é da comunidade dos sapos...Todos devemos cuidar dos pequenos. Não faça mais isso. Não desperdice a oportunidade de conversar com o futuro. Não crie uma geração acanhada, muda, insegura...
- Sapo, foi apenas uma viagem de metrô!
- Foi mais do que isso. Foi uma grande perda! A propósito, meu nome é Rospo.
- Tchau, seu Rospo, tchau...
- Tchau, Sapinha.
- Não fale com estranhos! Eu já lhe proibi!
- Mas, mãe...
- Silêncio!

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 178
Marciano Vasques


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