segunda-feira, 18 de outubro de 2010

APOSTANDO CORRIDA

- Rospo, que maravilha encontrar você aqui à beira do lago lendo um livro...
- Estou apostando corrida, Sapabela. É uma aposta natural.

No outro dia.
- Rospo! Nem sabia que pintava! Que belo quadro!
- Estou apostando corrida. É uma aposta natural.

Na semana seguinte:
- Rospo, fico feliz ao vê-lo ouvindo música. Nem sabia que gostava tanto assim de música....
- Estou apostando corrida. É uma aposta natural...

Num sábado:
- Rospo, ontem, à tarde, eu o vi saindo do curso de idiomas. Está aprendendo uma nova Língua?
- Apostando corrida, minha Cara, apostando corrida...
- Rospo, vai ter que me explicar. Todas as vezes que o encontro fazendo algo, diz que está apostando corrida. Que papo é esse? Sou uma sapa inteligente, mas essas suas estrepolias intelectuais...
- Ora, Sapabela, estou apostando corrida com a velhice. Só temos uma forma de impedir que ela nos alcance antes do tempo....Melhor dizendo, não tem tempo de velhice...
- Fale, Rospo, diga e explique...
- É só fazer algo, é só manter a mente ocupada...
- Isso retarda a velhice? Ela não o alcança? Acredita nisso, Rospo?
- Experimente ficar parada com a mente desocupada...
- Sinto que você tem razão...
- Mente é para ser usada, nega. Todos os nossos órgãos: Os olhos, para aprender a ver, os braços, para abraçar, a boca, para beijar, o coração para amar, os ouvidos para se ouvir a voz do ser amado e a algazarra das crianças, o...
- Está bem, Rospo, pode parar. Se bem o conheço, sei que vai falar de todos os órgãos...
- Bem, Sapabela. Vamos ao cinema?
- Vamos. Lá eu tenho certeza de que a velhice não o pega.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 291

Marciano Vasques

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