quarta-feira, 13 de outubro de 2010

DE CALÇADA EM CALÇADA...

Laço de fita amarela, lá ia a Sapinha bela passeando numa calçada quando avistou um velho amigo:
- Rospo, aonde vai?
- Sapabela! Vou à biblioteca devolver um livro. E você?
- Perambulando. Deu vontade de caminhar.
- Já que estamos caminhando juntos, que tal uma conversa?
- É pra já. Estive pensando: se cada conversa deixasse uma marca na calçada, como fazem os nossos passos...Teríamos um mundo...impresso no cimento...
- Verdade, Sapabela. Uma calçada é feita de duas coisas. Os nossos passos, que representam uma caminhada imensa... Acredito que no dia a dia, todos os sapos que por aqui passeiam completam em poucas semanas uma volta ao planeta. E a outra coisa são as conversas, que formam a história do pensamento... Se a calçada pudesse ouvir, quantos segredos guardaria, não é?
- É mesmo! Quantas conversas, quantas palavras...
- E até as que não foram pronunciadas...
- Mas ficaram impressas no palpitante silêncio dos corações...
- Por que é tão difícil falar quando o coração se intromete?
- Porque são as palavras mais sinceras, e elas não saem facilmente pela boca. O trajeto do coração até a boca é uma longa calçada... Requer muita disciplina e vontade.
- Veja! Um banca de jornais e revistas. Vamos dar uma espiada?
- Imperdível, Rospo. Fico pensando nos sapos que passam apressadamente e nem reparam numa banca de jornais e revistas no caminho.
- Nem reparam nas flores de um jardim.
- Nem reparam nas vozes da calçada.



HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 280
Marciano Vasques

Um comentário:

  1. Que bonito cuento y los apos son como muchas perosnas, pasan por la vida sin ver.
    Besos
    nela

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