quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O SONHO SAPECA DO SAPO

Rospo encontra a sua melhor amiga.
- Sapabela, tive um sonho sapeca ontem à noite.
- E está querendo contar, não é?
- Não conto sonhos, Sapabela.
- Sei, só tenta realizá-los.
- Ou compreendê-los.
- E esse sonho? É para ser decifrado ou realizado?
- Um sonho sapeca sempre necessita de outro alguém para ser realizado.
- Uma sapa, certamente.  Alguém que na vida real possa entrar no seu sonho...
- E você, Sapabela?
- O que tem eu?
- Já teve algum sonho sapeca?
- Claro! Sapas também sonham.
- Sonhos sapecas são desejos reprimidos?
- Nada tenho reprimido em mim.
- Por que certas coisas tão naturais são consideradas tabus? Por que surgem os preconceitos?
- Nada do que é natural é pecaminoso, Rospo... Sobre a origem dos preconceitos, melhor viajar no tempo, por séculos e séculos, amém.
- E o meu sonho, Sapabela?
- O que tem ele?
- Vai deixá-lo assim, desamparado? Apenas um sonho sonhado?
- Não teve nem um convite para um sorvete no seu sonho?
- Foi o começo de tudo.
- Nessa parte eu participo.
- E o resto do sonho, Sapabela?
- Sonho apressado é como sonho ligeiro. Quase sempre se desfaz no ar...
- Sem radicalismo, Sapabela. Às vezes um sonho demorado também se desfaz  de tanto esperar...
- Está bem, eu aceito.
- !
- O que aconteceu? Perdeu a  voz, Rospo? Nossa! Nunca vi um sapo tão vermelho. Eu disse que aceito o sorvete.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 294

Marciano Vasques

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