quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O SAPO DECIDIU

- Não farei isso! Não vou! Não vou! - dizia, agitado, o sapo amigo do Rospo.
- Ora, amigo. Calma! Pense antes.
- Já pensei e não quero. Não tomarei jamais nenhuma dessas pílulas. Não quero saber de remédios.
- Qual é o problema em um sapo contar com a ajuda da Ciência? Veja, você usa óculos. Muitos sapos não têm dentes...
- Não me importa, Rospo.
- Ora, Sapo. A Ciência já nos ajuda diariamente. Antes morávamos numa caverna. Hoje, ao simples toque acendemos as luzes.
- Eu sei, Rospo, eu sei...
- E também na saúde. Veja que um comprimido pode curar seu resfriado ou interromper uma enxaqueca...
- Sei disso tudo, mas não quero...
- As sapas sempre me pareceram mais corajosas...
- Do que está falando?
- As grandes revoluções foram promovidas pela Ciência... A primeira foi o surgimento da pílula anticoncepcional, e agora, mais recentemente, a pílula para disfunção sexual no sapo. E não tem nada de vergonhoso nisso, Sapo.
- Você acha?
- Não uso essa palavra para dizer o que penso.
- Você pensa assim como me disse?
- Se um dia eu estiver precisando, usarei com tranquilidade. Não há nenhum problema nisso.
- Talvez tenha razão. A Ciência já nos ajuda tanto! Mas vou morrer de vergonha.
- Se morrer será uma pena, pois é um bom sujeito. Mas é assim: uns morrem de fome, e outros de vergonha.
- Obrigado, Rospo! Você me encorajou, revolucionou a minha cabeça.
- É para isso que servem as amizades. Milhões de revoluções acontecem diariamente.
- Bonanza! Irei sim, Rospo..
- E não se esqueça!
- Sim?
- Faça feliz a sua sapa.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 329


Marciano Vasques

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