Rospo liga para a sua amiga;
— Sapabela, quer encontrar um cigano triste? Vá a uma biblioteca.
— Farei isso agora, Rospo. Já estou conectando a Internet...
— Sapabela, estou me referindo a uma biblioteca real, de verdade, é lá que encontrará o cigano triste...
— Cigano triste?
— Triste e empoeirado...
— Entendi, está falando do livro...
— Exatamente. Livro é para correr mundo, circular, de mãos em mãos, participar de uma enorme ciranda de olhos ávidos de ler... Livro não é para ficar fechado o tempo todo em prateleiras de bibliotecas...
— Tem razão, Rospo. É um cigano, um peregrino, um andarilho... Ficar parado, fechado, ganhando poeira, contraria a sua natureza...
— E então, Sapabela? Vai à biblioteca buscar um livro?
— Está chuviscando, e isso é mais tentador. Irei sim, tem sorvete no caminho?
— Outra vantagem de uma biblioteca ao vivo, e, claro, poderá encontrar um amigo no caminho...
— Um sapo que adora calçadas e conversas....
— Que livro pretende emprestar na biblioteca?
— O "Meu pé de Laranja Lima"...
— É um clássico da Literatura no Brasil...
— Vamos, Rospo? A garoa está uma delícia...
— Vamos, qualquer garoa é motivo para o meu guarda-chuva azul.
HISTÓRIAS DO ROSPO 2010 - 382
Marciano Vasques
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Dedicada
ao amigo Selmo Vasconcellos,
e também à Paula Laranjeira,
cujas palavras em
PALAVRA FIANDEIRA
inspiraram esta história.
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