sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

PEDRAS PRECIOSAS

— Não me supus brinquedo. Ainda não cheguei a tanto... Não tenho vocação para boneca... Eu falo, eu sinto, eu penso...
— Do que está falando, Sapabela?
— Ora, Rospo, já tive um namorado em minha vida, claro...
— Naturalmente...
— E eu reparei que ele queria se divertir comigo, queria apenas me usar para brincar... Um sapo mimado, que desconhece o valor da luta pela vida e a graciosidade de lutar...
— Interessante, Sapabela. Ele só queria brincar?
— Mas eu disse a ele que não havia ainda me imaginando que pudesse ser um brinquedo, que pudesse ser um joguete... Sou uma sapa, e sapa pensa, respira, ama, o coração acelera,  os olhos brilham...
— Ainda bem que mandou esse sapo passear, mas, diga-me: como é a Sapabela? Diga isso em poucas e breves palavras...
— Não precisa temer discursos, Rospo. Sou assim desse jeito: as minhas roupas não combinam, adoro rolar na grama, brinco e amo as crianças, respeito os animais, sofro intensamente se sou enganada, adoro tomar sorvete com um amigo, tenho canções que trago guardadas e protegidas em meu peito, meu coração é quem define o rumo da minha vida...
— Sapabela, que tal...
— Que tal o quê?
— Um sorvete...
— Nem precisa falar duas vezes...
— Sei que demorei um pouco, mas deixe-me falar algo antes do sorvete...
— Claro Rospo, a palavra é a moradia mais sincera do amigo...
— Seu vestidinho lilás está lindo...
— Obrigado, Rospo.
— Uns almejam topazio, outros safira, alguns esmeralda... Mas eu almejo a sua amizade... que é a minha pedra preciosa...


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 - 453
Marciano Vasques
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Um comentário:

  1. O Rospo é um sedutor....Também almejo sua amizade
    Luz dos Anjos
    Ana Coeli

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