— Tenho a vida cheia de romance...
— Como assim, Rospo? Plena de romance ou romances?
— Romance, Sapabela. Mas, ficou meio agitada...
— Não me embarace, Rospo... É que não havia entendido...
— Presto atenção na vida... Sou alguém com íntima ligação com a vida que passa...
— Sei, o mundo...
— Deveras. Aprecio o melhor da vida, que é justamente... o simples e o belo imperceptível...
— Fale um pouco sobre isso, amigo...
— A simplicidade das coisas que são, que estão nos povoados, no orvalho de um amanhecer, em nódoas lilases, num ocaso de tímido dourado, numa noite estrelada, num entardecer verdejante, na poeira e nos relâmpagos, no azul que paira entre chumaços de nuvens, no trovejar, e num chuvisco, num menino que ri acho que ri afinal, num filete de água cristalina, e na folha lisa banhada de fotossíntese, num aconchego de fiapos de luz, numa lua surgindo no horizonte de um telhado, nos olhos de um cãozinho, num insistente e acanhado brilho de um rastro na areia...
— Rospo! Pare! Assim você me enche de romance e poesia...
— Mas é para transbordar, Sapabela!
— Quanta riqueza, não é, Rospo?
— Sim, nem sei para que tanta pressa...
HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 - 417
Marciano Vasques
Leia em CIANO
Rospo! Pare! assim você me enche de romance e poesia..
ResponderExcluirAprecio o melhor da vida lendo tudo isto..
Luz
Ana