domingo, 13 de fevereiro de 2011

TUDO ISSO É A NOSSA AMIZADE

— É um doce com miçangas...
— Miçangas?
— Sim, coloridas e brilhantes...
— É uma fresta de luzes num arvoredo...
— Na aspereza do cotidiano, é um ponto cintilante rasgando o céu...
— É um brilho intenso na suavidade de uma pétala orvalhada...
— É um sonho de se aventurar, um desejo de correr na chuva...
— É um beijo no mormaço, uma caminhada na calçada...
— É uma preguiça ao entardecer, de deitar numa imensa varandona e tomar suco de melancia gelado...
— São os primeiros raios matinais luzindo na jabuticaba...
— É uma colheita de flores lilases, amarelas, azuis...
— São crisântemos róseos, miosótis e a majestade da dália...
— É um sorriso de criança diante das cores e dos reflexos nas bolas de uma árvore de Natal...
Sapabela, não sei quem ganhará esse campeonato, mas a nossa amizade é tudo isso, e é muito mais, é um tesouro que o coração preserva e cultiva na delicadeza dos gestos amorosos...
— É mais que isso, Rospo, é mais do que um tesouro que a memória guarda em palavras e fragmentos de atenção e zeladoria...
 É mais, muito mais... É quase um namoro...
— !
— Rospo, o que aconteceu? Você enrubesceu?
— Ora, Sapabela, é apenas o Sol... E ademais, esse seu vestidinho vermelho talvez tenha expandido a cor para o meu rosto... Mas até que...
— Até o quê, Rospo?
— Se depender da torcida, um namoro até que iria bem...
— Rospo, você é um sapo ligeiro... Ora, pense bem... Um doce com miçangas, uma ponta de luz, um mormaço, um brilho orvalhado deslizando numa suave e lisa flor, um profundo brilho azul de bolinha de gude, uma gratidão em forma de noite estrelada, uma piscada da lua num passeio de luar assanhando de prata telhados e copas das árvores... Tudo isso pode ser a nossa amizade... E amizade, acredite, tesouro maior não há.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 - 433
Marciano Vasques
Leia em CIANO

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