sexta-feira, 25 de março de 2011

AS CORES DA SAPABELA

— Seu esmalte está bonito, Sapabela. Esse tom esverdeado...
— Obrigado, meu amigo...
— O da semana passada também era lindo. Um lilás suave...
— Você lembra?
— E quem consegue esquecer?
— Fico feliz que tenha notado... E como já disse, uso esmalte porque me sinto bem... Gosto de me vestir colorido para mim, mas também me alegra quando um amigo repara...
— As cores das suas roupas são sempre tão vivas!
— Sou feminina, não é?
— Mas tem sapa usando cinza, apenas...
— Sei, as policiais femininas...
— Não! Tem também algumas executivas, e...
— Eu entendo, Rospo, não precisa continuar... Mas para mim o que interessa é que as cores façam parte do meu andar...
— E que cadência, Sapabela!
— Não me deixe encabulada...
— Sapabela, quando você se veste colorida, você se veste para você, eu sei, mas está ao mesmo tempo trazendo alegria para os olhos da multidão, pois leva consigo as cores...  E a vida é melhor nas cores...
— Mas como você tem tempo para reparar no meu esmalte? Isto é, como consegue se preocupar com isso? O mundo está em guerra, tantas notícias trágicas, tanto sofrimento, e tanta coisa acontecendo...
— Eu não tenho culpa de estar no mundo, Sapabela.
— Veja! Uma criança brincando! A sapinha está sozinha pulando "Amarelinha"...
— No que estará pensando?
— Não sei, mas sei que ela combina com as minhas cores.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 496
Marciano Vasques
Leia CIANO

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