quarta-feira, 30 de março de 2011

O GRANDE ORADOR

— Rospo!
— Sapabela! Que alegria! Ela sempre ressurge quando a vejo.
— Ela, quem? Comigo não tem "Ela"! Eu sou eu sozinha...
— Ela!, a velha alegria...
— Ainda bem...
— Falando em "flor de Outono", quais as novidades?...
— Eu nem havia falado em flor, mas, tem sim novidades, tem uma.
— Qual?
— A minha amiga e seu amor estão se desentendendo...Não conseguem mais entrar em acordo...
— O diálogo está escasso?
— Cada vez que um fala, o outro complica mais com a sua interpretação. E fica um jogo, ou melhor, uma batalha difusa de interpretações que não cedem... Nem um nem outro quer ceder um milímetro e ficam só na discussão tempestuosa, porém estéril...
— Entendo, precisam então dele...
— Dele, quem?
— Ora, minha bela amiga, diz que as palavras não bastam, estão perdendo as forças, estão desbotadas pelas discussões, estão frágeis e machucadas pela aspereza da falta da audição, estão na amargura dos dissabores e ressentimentos que corroem o amor...Então, precisam dele, do grande orador...
— Grande orador? Que diacho é isso?
— Acredite, não é um " pobre diacho"...
— Mas, o que vem a ser esse "Grande orador"? Quem é esse sujeito?
— Quando a magia das palavras enguiça, o grande orador precisa ser acionado...
— Mas, quem é ele?
— O silêncio.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 506
Marciano Vasques
Ver CIANO

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