domingo, 20 de março de 2011

OUVIDOS COMPANHEIROS DA ALMA

— Rospo, tem sentires que nascem prontos para a poesia... Acontece isso com você?
— Claro, Sapabela! Tem sentires, coisas que penso, que meu coração pensa, que já nascem como se fossem poesia... Mas nem sempre escrevo o poema...
— Comigo acontece isso, Rospo... Tem coisas que sinto e vem à tona de minha alma repentinamente... de tal forma explosiva, que só pode ser a força da poesia que chama...
— Sinto-me tão feliz por estar com você, Sapabela... Passeando ao suave vento que anuncia o Outono...
— Rospo, estive pensando: tem uma bobagem de uma lenda que diz que nenhum sapo consegue entender as sapas... Ninguém sabe o que uma sapa quer... As sapas são difíceis de entender...
— Essa lenda nasceu no bojo do sistema patriarcal do capitalismo...
— Mas tudo é tão simples, Rospo! O que uma sapa quer é tão simples...
— Eu sei, Sapabela, o que ela quer está longe da complexidade do entendimento do sapo, que não consegue alcançar a doçura e a ternura tão facilmente... Ela quer atenção. Apenas isso, mas atenção verdadeira, de olhos nos olhos, de concentração de quereres...
— Sabe, Rospo, eu, Sapabela, quero apenas, e nada mais do que isso, quero encontrar um sapo que me ouça... Só preciso que seus ouvidos
sejam companheiros da minha alma.
— Precisa apenas de algo tão simples e tão verdadeiro, que é difícil para a maioria dos sapos de nossa época entenderem....

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 487
Marciano Vasques
Leia CIANO

2 comentários:

  1. "Só preciso que seus ouvidos sejam companheiro da minha alma..."
    Muito raro mesmo..Feliz a Sapabela que tem um amigo especial
    Luz
    Ana

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