quarta-feira, 27 de abril de 2011

GARAPAS E CONVERSAS

Rospo observava três sapos discutindo.
— Nada como apreciar a minha garapa ouvindo uma conversa boa.
Então, o nosso amigo se deu conta de que os três sapos estavam encenando uma peça... Ou melhor dizendo, estavam decorando um texto.
— Eu sou a razão! — Dizia um, serenamente.
— Eu sou a inteligência! — Afirmava o outro, empolgado.
— Eu sou a esperteza ! — respondia o terceiro, entusiasmado.
— A razão impede as atrocidades, e toda estupidez... — retomava o primeiro, orgulhoso.
— A inteligência edificou o mundo tal como ele é  — prosseguiu o seguinte.
— A esperteza me faz chegar sempre na frente. — finalizou o último, esnobando.

— "Que conversa deliciosa! É conversa de garapa!" — pensou nosso Rospo, quando ouviu uma voz.
— Quero um copo de garapa bem gelado, com pedras de gelo. Vou acompanhar esse sapo...
— Sapabela, que surpresa! É a nossa primeira garapa no Outono...
— Claro, precisamos dar uma breve folga para o sorvete.
— Está vendo aqueles três?
Formam um trio que ainda confunde muita gente. A inteligência, a razão e a esperteza...
— Mas pode acreditar, Rospo, são coisas bem diferentes.
— Você tem razão, Sapabela.
— Lógico. E sou esperta. Quando vi você fui logo na garapa...
— É inteligente, né. O que admiro em você é que a sua esperteza é para o bem...
— Sempre, Rospo. Às vezes, quando vemos uma injustiça, temos que ser rápidos no gatilho. Agir com esperteza e velocidade na denúncia...
— E sempre impulsionados pela razão.
— Que garapa boa, Rospo!
— Isso me faz pensar: como eu queria correr num canavial...
— Canavial, canavial, onde estás afinal?
— Sapabela, vamos caminhar?
— Isso foi uma esperteza.
— Por que?
— Percebeu a brisa suave e agiu na ligeireza... Pra sentir no rosto a tal...
— Não me faça rir, Sapabela.
— Faço sim, meu amigo, faço sim.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 —552
Marciano Vasques
Leia em CIANO

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