sábado, 23 de abril de 2011

RODEANDO PARA CONVIDAR

— Sapabela, você sabia que a lenda do lobisomem tem origens remotas, vem lá do grego antigo? E que no folclore, a licantropia é a maldição sobre um homem que se transforma em lobo?
— Licantropia?
— É uma síndrome psiquiátrica. Na idade média européia a licantropia era atribuída à bruxarias... Hoje, acredita-se que é um distúrbio mental, uma psicose. Na verdade, a lenda teve origem na doença rara que cobre o rosto de pelos...
— Cobre o Rospo de pelo?
— Rospo não! Rosto!
— Não ouvi direito. Mas, continue...
— Tem uma autora americana, Annette Curtis Klause, que é considerada a mãe dos lobisomens. Seu romance "Sangue e Chocolate" vendeu milhares de livros. O livro do reverendo Sabine Baring-Gould trata da licantropia, desde os mitos nórdicos, gregos e romanos até as lendas de lobisomens no período medieval .
— Fale mais, Rospo, lobisomem é um assunto muito atraente numa manhã de outono...
— Parece que está zombando, Sapabela, mas saiba que mais ou menos no ano de 1200 existiu uma Fecunda Ratis...
— Fecunda Ratis?
— A história latina Fecunda ratis, de Egberto de Lièges, em que há a referência a uma menininha com uma manta vermelha ...
— Em que ano foi escrita essa obra?
— 1023.
— É uma lenda?
— Sim, na verdade é uma história escrita... Mas tem outros casos, já ouviu falar de "De puella a lupellis seruata"?
 — Claro que não, Rospo!
— Surgiu algum tempo depois de Fecunda Ratis. Trata-se de uma menininha que é acolhida por lobinhos, e é presenteada com um capuz vermelho, por um homem...
Já leu "Fita Verde no Cabelo"?
— É do velho Guimarães Rosa. Não, ainda não li. Mas li a História do Chico Buarque, sobre a menina que perde o medo do lobo...
— Pois é, veja que na literatura e na imaginação, a menina sempre esteve rodeada por lobos...
— Rospo, não me faça rir, ou melhor, faça.
— O que está querendo dizer, Sapabela?
— Diga logo o que você quer, Rospo...
— Eu?
— Sim, você quer me convidar para ir ao cinema...
— Como adivinhou?
— E já sei qual é o filme..
— Como pode saber?
— Ora, Rospo, é a "Garota da Capa Vermelha"...
— Acertou! Vamos?
— Já estou pronta. Que hora é a sessão?
— Vamos agora, a gente pipoqueia antes, toma um sorvete...
— Espere um pouco, Rospo, que vou até em casa...
— O que vai fazer, Sapabela?
— Pôr uma manta vermelha que eu comprei.
— Fala sério?


HISTÓRIA DO ROSPO 2011 — 544
Marciano Vasques

Leia CIANO

Um comentário:

  1. Não sabia desta doença, nem ouvi falar nesta estranha palavra,agora, que tem um certo mistério,isso tem!
    Arrodiar para convidar é o melhor do convite...
    Luz
    Ana

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