sexta-feira, 8 de abril de 2011

SEJA UM POUCO ARTIFICIAL

— Artificial, Rospo! Artificial!
— Do que está falando, Sapabela?
— Você é muito exigente, Rospo! Quer autenticidade em tudo.
— Estou errado?
— Parece-me pouco prática essa sua persistência...
— Seja clara, Sapabela.
— Mas já sou verde bem clarinha...
— Seja explícita, eu quis dizer...
— Veja no campo das amizades...
— O que tem de errado? Tenho alguns amigos encantadores... Começando por você.
— Mas tem poucos.
— Tem certeza, Sapabela?
— Se você aceitar pelo menos um pouco o artificial, terá muito mais amigos, terá um montão...
— Quer que eu entre numa rede social?
— Rospo, não brinque... Veja só, você almeja autenticidade em tudo... Isso não combina com o século XXI, e não deve se esquecer de que é nele que estamos vivendo... Seja um pouco maleável, seja razoável. Aceite relações de amizades que tenham ingredientes artificiais, pois a moda hoje é ter cem, duzentos, trezentos amigos... Promete que pensará nisso? Poderá entrar num grupo de...
— Sapabela, deixe de ser enxerida. Essas coisas não se falam...E você é sempre tão zelosa. Já pensou se algum sapo ouve?
— Rospo, seja um pouco artificial. Já pensou? Dezenas, centenas de amigos...
— Sapabela, vamos tomar um sorvete?
— Rospo, estava até me esquecendo de que isso existe...
— Vamos, que a nossa amizade autêntica tem muita conversa atrasada... E pare com esses conselhos brincalhões. Sabe que em se tratando de amizades, a quantidade não é o mais importante. O importante é que as suas amizades sejam valiosas... E não se esqueça, um milímetro que você cede abre uma cratera em sua alma com quilômetros de extensão...
— É assim?
— Exatamente, se aceitar amizades artificiais, aos poucos nem a sua alma será original e autêntica.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 -— 519
Marciano Vasques
Leia CIANO

Um comentário:

  1. Um amigo encantador como o Rospo vale vale por cem, duzentos...prefiro salvar minha alma!
    maravilhosos ensinamentos como sempre.
    Luz
    Ana

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