domingo, 15 de maio de 2011

BANHO DE LUAR

— Seria tão bom falar apenas de amor... Tomar um banho de romantismo, que só o luar pode assim nos banhar...
— E por qual motivo não pode ser assim, Sapabela? Sapos e sapas se amam como sempre se amaram, com a condição de que com o passar do tempo, esse amor vai se aperfeiçoando... E cá entre nós, quem já teve o tórax impregnado de boleros não escapa mais disso... O Sapo sabe que só tem uma forma de caminhar, é ao lado da sapa... O resto é descuido, desajuste... Qual o problema? Pois quero mesmo me banhar no romantismo... Que afinal, torce e retorce mas não nos deixa... E aqui vai um toque: é bobagem querer resistir... Ainda não inventaram nada melhor...
— Mas é que estão acontecendo coisas estranhas aqui no brejo... Será que ela, a loucura quer estabelecer o seu reino de vez?
— Que coisas?
— Ministro recebendo diárias nos finais de semana, deputado se hospedando em condomínio de luxo e pagando com o dinheiro público...Essas coisas, Rospo, elas nos confundem... Será que somos nós os loucos, por agirmos corretamente?
— Tem razão, Sapabela, sei como se sente... E ainda mais que os valores estão trocados, confusos...
— Um exemplo...
— Artistas musicais assinando contratos milionários para divulgar bebida alcoólica...
— Mas a sociedade está evoluíndo, coisas boas estão acontecendo... Está tendo avanços... Porém, claro que precisaríamos de um cuidado maior, pois jamais deveríamos nos esquecer que quatro gerações convivem ao mesmo tempo...
— É verdade: o sapinho, o juvenil, o adulto médio, e o idoso...
— Pelo menos as crianças poderiam ser poupadas...
— Sapabela, vamos esquecer por um momento essas coisas? A noite solicita um sorvete...
— Então vamos aceitar o convite do luar...
— Ter amizade é uma forma de namorar...
— É?

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 574
Marciano Vasques
Leia CIANO

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