segunda-feira, 2 de maio de 2011

NASCE UMA AMIZADE

 Um dia os dois se encontram pela primeira vez:

— Oi Sapa!
— Oi!
—  Quero ter a sua amizade...
— Você é aquele sapo que outro dia no Largo São Francisco fez um escarcéu para chamar a minha atenção...
— E consegui.
— Eu nem liguei.
— Sapa, quero ter a sua amizade de verdade, real, verdadeira, não do tipo Facebook ou Orkut, mas amizade mesmo. Real, concreta...
— Você parece um sapo sincero.
— Adoro bolero.
— Ah, então é sincero...
— Você gosta de ouvir Fagner?
— Qual é o seu nome?
— Rospo, e para os íntimos, Rospo... Poderá continuar me chamando de Rospo quando formos intimos...
— Bonito nome. Claro que podemos ser amigos simplesmente... Mas essa história de íntimos é delírio, não é? Ou já percebi que gosta de brincar...
— Você pode me adicionar... em... sua vida?
— Pronto! Já adicionei.
— Seremos amigos?
— Já somos.
— Poderíamos inaugurar essa amizade com uma garapa bem gelada? E depois...
— O que tem depois?
— Que tal um sorvete?
— Já topei. Sobre o que você gosta de conversar?...
— Não faça essa pergunta...
— Estou intrigada com uma coisa...
— Diga.
— Li no jornal que um atentado matou o filho de um político, e também os seus netos...
— Sim...
— Não importa quem seja esse político e qual papel ele desempenha no tabuleiro mundial, mas a perda de um filho ou a perda de um neto será sempre algo de muita dor, não é?
— Sapabela, já vi que as nossas conversas serão supimpas... Qual é mesmo o seu nome?
— Sapabela.
— Nem precisava dizer. Veja! Um quiosque. Lá tem garapa...
— Gosta de ler?
— Viu como valeu a pena você procurar? Acabou me encontrando. Por isso vivo a dizer: Jamais desista...
— Do que está falando, Rospo? Eu não estava procurando ninguém...
— Ora, Sapabela, todas as sapas e todos os sapos com conteúdo sempre esperam encontrar alguém que aprecie a boa música, adore ler um bom livro, não dispensa um cinema...
— Como sabe que eu tenho conteúdo?
— Tem bom gosto.
—  É?
— Naturalmente. Tem coisa mais linda que este vestidinho?
— Seu olhar é ligeiro, não é?
— Meu olhar é caçador do belo...


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 560
Marciano Vasques
Leia CIANO

2 comentários:

  1. Meu olhar"também" é caçador do belo...por isso venho sepre te ler
    Luz
    Ana

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  2. Como aprecio este diálogo,
    é muito gostoso, despreocupado!
    Boa Noite!

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