sábado, 21 de maio de 2011

O SAPO NÃO É VIRTUAL

Numa calçada, Sapabela encontra o seu amigo e percebe a sua aflição.
— Rospo! O que está acontecendo?
— Eu não sou google, minha amiga.
— Eu sei, você é um sapo.
— Sou mais que um sapo apenas. Sou um contador de histórias... Ou as histórias me contam...
— Você é o encantador dos espíritos que não morrem...
— Mas não sou o google!
— Rospo, o google é um espetacular instrumento de pesquisa, mas você é um sapo, eu já disse, um sapo diferente, mas é... E isso o deixa triste?
— Não exatamente, porém é uma sensação estranha você acordar e sentir que não é virtual, você não é uma internet ambulante... Isso não a deixa abismada?
— Ora, Rospo, nunca me incomodei em ser uma sapa ao vivo, que pode ser tocada e acariciada diariamente...
— Quem acaricia você diariamente?
— Deixe-me terminar. Acariciada diarimente pelo vento... E ouvir histórias ao vivo é fascinante...
— Mas será que uma sapinha ou um sapinho irão querer ouvir?
— Entendo, ficam o tempo todo na Internet... Se ao menos fossem ao quintal... Não, quintal eles não conhecem... Porém poderiam sair, circular pelos campos, vales e mares do apartamento, afinal, a imaginação não precisa de repouso...
— Às vezes penso que se eu tivesse um site todos iriam me procurar... Todos iriam me "baixar"... Diriam: " — Vejam, encontrei um site encantador!".
— Rospo, pare com isso! Deve estar delirando. Você não precisa ser virtual, basta ser virtuoso. Não exagere, Rospo. Tem uma multidão de sapos que andam ao léu, na beira do vento, querendo ouvir um contador de histórias...
— Sapabela, melhor ser mesmo um sapo "ao vivo"... Pois só numa calcada poderíamos encontrar uma sapa assim tão arremessadora...
— Arremessadora?
— É, que arremessa o nosso coração para um grau de entendimento e de sentimento que só faz o sábado nos invadir com toda a sua luz...
— Rospo, ainda é outono. Vamos?
— Vamos. Faz tempo que um sorvete não aparecia em nossas conversas.
— É incrível que uma coisa tão gelada como o sorvete possa aquecer amizades e corações... Mas é simples, Rospo: não somos virtuais.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 581

Marciano Vasques
Leia CIANO

Um comentário:

  1. Hola Rospo y Sapabella.

    Para mi sois mis amiguitos, que cobráis vida a través de vuestro creador Marciano o Ciano.

    Para mi Rospo eres encantador y sensible.

    Para mi Rospo eres mucho más que un sapo virtual.
    Eres el gran Rospo, un sapo lleno de enendimiento y afán de superación.

    Beijos, Montserrat

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