Passa por eles um burrinho tecnológico, mas os dois continuam na conversa.
— Rospo, estou tão feliz por estar Aqui neste sábado claro!
— Sapabela, hoje é sexta!
— É mesmo! Preciso deixar de olhar para dentro de mim, às vezes. Mas, que dia lindo, que dia claro! Transparente de vidro...
— Sapabela, o sorvete, a roupa, tudo em você tem importância. É você quem lava os olhos no incrível riacho da poesia, se quiser...
— Rospo, estive pensando: parece que algumas referências são ainda básicas, essenciais, na vida dos sapinhos...
— Naturalmente! Cecília Meireles, e outras poetas...
— Sim, só acredito numa revolução educacional a partir da devolução dessas referências... É o que a criança mais necessita hoje: Cecília Meireles, Clarice Lispector, Drummond de Andrade... Poetas, poemas e poesias...
— Devolução? É, você tem razão. É preciso que esses poetas todos, com suas poesias sejam devolvidos para as crianças...
— Trabalhei num centro educacional onde as referências dos pequenos eram: o motoqueiro, ou seja, aquele que tinha a moto, também o policial violento, e o rapaz que...
— Entendo, não precisa continuar...
— Foi lá que conheci a Maria Tiquatira...
— Quem é ela?
— É uma criança que anda com uma flor de outono nos cabelos...
— Que lindo! Mas, vamos sim, Sapabela.
— Vamos aonde?
— Levar essas referências aos pequenos...
— Já sei, vou me fantasiar de bailarina e levar a poesia de Cecília Meireles até eles, vou cantar, aplaudir, e se for o caso, até chorar com as criancinhas...
— De uma coisa eu tenho certeza, Sapabela.
— Diga, meu amigo.
— As crianças irão adorar você... E tem algo mais...
— Pois então diga... Os meus ouvidos são os principais canais para o meu coração quando um amigo fala.
— Se encontrar a Maria Tiquatira por aí mande um beijo para ela.
— Farei isso, Rospo, e sei que ela ficará feliz.
— Não consigo deixar de mandar um beijo para quem põe uma flor de outono nos cabelos!
HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 607
Marciano Vasques
Leia CIANO
Leia PALAVRA FIANDEIRA
acessa.me/palavra_fiandeira
As crianças irão adorar você. Um abraço, Yayá.
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