domingo, 12 de junho de 2011

A INAUGURAÇÃO

Rospo ia passando quando viu a festa e ouviu o som. Uma farmácia estava sendo inaugurada, e para festejar, a calçada repleta de bexigas, e churros e algodão doce para as crianças, e a música, sim, a música. Rospo começou a se retorcer.
— O que está acontecendo, Sapo? Está querendo ser o primeiro a usar a farmácia?
— Não! É a música. Está ouvindo?
— Estão inaugurando a farmácia, e por isso comemoram... Querem atrair o público...
— Mas não me conformo com a música.
— É o que estão ouvindo hoje, sapo.
— Eu sei, mas é um ritmo do brejo com letras que desvalorizam a sapa, que humilham aquela que sempre foi companheira do sapo, são letras machistas, terríveis, idiotas e imbecis...
— Você não pode ir contra a corrente, Sapo...
— Vou falar com o dono da farmácia.

— Pois não, Sapo.
— Meu nome é Rospo!
— Prazer, está gostando da festa?
— Estava ouvindo a música.
— Pois não?
— O senhor inaugura a farmácia e toca essa música?
— Qual o problema, senhor Rospo?
— Inaugura um lugar que vende remédios para o corpo e ao mesmo tempo envenena a alma!


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 608
Marciano Vasques
Leia CIANO
Leia PALAVRA FIANDEIRA
acessa.me/palavra_fiandeira

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