quarta-feira, 1 de junho de 2011

PRIMEIRO AS DAMAS

— Ontem a professora da Sapabelinha, a minha sobrinha, deu uma bronca num sapinho...
— Por qual motivo?
— Na hora da formação da fila, ele disse: "Primeiro as damas, depois os vagabundos"...
— E qual o problema?
— Ela considerou a palavra "vagabundos" ofensiva...
— Entendo, ela não foi capaz de transitar de um mundo ao outro...
— Não entendi, Rospo.
— Às vezes a professora tem que entrar no mundo da criança...
— Eu sei, bater à porta daquele coraçãozinho e pedir licença para entrar...
— Nem precisa pedir licença...
— Nâo? Invade então?
— Basta escancarar um sorriso transparente e sincero... E ter o próprio coração alvejado por balões coloridos e nuvens de algodão doce brilhante, ou então respingo de cascatas de poeira das estrelas, ou ainda o avental manchado de ventanias ou aquarelado pelas cores de fazer rir do arco-íris...
— Rospo, estou meia tonta nesse carrossel de poesia... Mas, diga, por favor, por qual motivo a professora não deveria ter ralhado com o sapinho?
— Ora, quando a dama come macarronada com o vagabundo eles se beijam, e aquele beijo é um encanto... Garanto que aqueles corações latem de emoção...
— Entendi! Quando o menino falou dama e vagabundo ele estava no encantado mundo da fantasia...
— E você, Sapabela, trate de lembrar que um adorável vagabundo andou perambulando nas telas do mundo...
— Rospo, vou prestar mais atenção nessa pedagogia...
— Sapabela?
— Sim?
— Tenho um convite.
— Faça. Convite não pode ficar estancado...
— Que tal um sorvete?
— Ora, que ideia boa! Mas eu estava esperando uma macarronada. Aqueles espaguetes...

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 594
Marciano Vasques
Leia CIANO

Um comentário:

Pesquisar neste blog