segunda-feira, 20 de junho de 2011

ROSPO E AS CANÇÕES

Sapabela diante do computador, quando o velho amigo liga:
— Alô!
— Sou eu, o Rospo!
— Rospo! Que alegria! Estava justamente vendo o seu blog...
— Está gostando?
— Naturalmente que sim, mas tem uma coisa curiosa...
— Pois diga, minha amiga.
— Algumas canções e alguns cantores que você anda postando...
— Pois não?
— É como se quisesse resgatar um tempo que não volta mais...
— Na verdade, é quase isso... Pela exposição das canções de uma época, podemos compreender o espírito dessa própria época. Considero interessante e proveitoso a juventude de hoje, por exemplo, ter contato com o que os jovens cantavam no passado...
— Sim, claro, mas o povo de hoje não quer ouvir essas canções. O povo está em outra. Os jovens estão cantando e dançando canções com letras aberrantes, que pregam, por exemplo, o machismo...
— Gostei do eufemismo, Sapabela.
— Que eufemismo, Rospo?
— "Canções".
— Ora, Rospo, pare de ser indelicado. A música reflete e traduz o espírito de uma época... É o que vive apregoando por aí, inclusive no seu blog...
— Disso eu não tenho a menor dúvida...
— Então, tem que aceitar o que a moçada anda cantando... Lembre-se, a voz do povo é a voz de...
— Pare com isso, minha querida... Acontece que é mais fácil pôr a culpa no povo...
— Explique isso, Rospo.
— Dizer que o povo gosta é simplificar as coisas. Lembre-se de uma certa sabedoria proverbial...
— Qual?
— "Ninguém ama aquilo que não conhece"....
— Compreendo, Rospo, mas, mesmo assim não creio que os sapos de hoje, principalmente os jovens, queiram ouvir canções assim românticas... Hoje os sapos estão pegando, estão ficando...Seu blog está se tornando o último reduto do namoro...
—  Ainda bem.
— Mas os sapos estão em outra. Porém entendi o que disse sobre pôr a culpa no povo... É mais fácil dizer que o povo gosta, para justificar a música que é imposta goela abaixo pela indústria da cultura, pelas mídias....
— O jovem é levado a gostar daquilo que a ele se apresenta...
— Não é reduzir muito, Rospo? O jovem não é como a criança, que aceita tudo...
— Pois é, aí que está o eixo da questão. A criança tem discernimento, e sabe o que é bom, sabe o que quer... Ela tem poder de escolha, e está sempre acima do razoável nas suas preferências. Criança não é boba, e muito menos bobinha. Mas precisa mostrar para ela. Ela tem que conhecer. A ela tem que ser oferecido o que é de qualidade... Pois está chegando ao mundo... Você só escolhe se tiver opções...
— Tem razão.
— Às vezes, eu tenho.
— E com o jovem acontece a mesma coisa. Ele precisa conhecer, precisa ter acesso, necessita ter as condições para poder comparar, carece saber, para poder escolher... Ainda bem, Rospo, estava pois me parecendo nostalgia somente.
— Mostrar a canção que o tempo produz é compreender a sua alma...
— A canção educa o coração?
— Ou estraçalha, como ocorre atualmente. E tudo se entrelaça, tudo é um amálgama. Nada está solto no ar, nem os acordes e as notas de uma canção...
— Certo. Para se compreender a qualidade da Educação, inclusive na escola, é preciso que compreenda-se a canção que o tempo toca...
— Muito bem, fico feliz ao ver que está em meu blog numa tarde tão azul, mas, que tal um sorvete agora? Naquela velha caminhada de calçada...
— Pronto! Vamos.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 617
Marciano Vasques
Leia CIANO
 http://cianomar.blogspot.com/
Leia PALAVRA FIANDEIRA
acessa.me/palavra_fiandeira
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http://www.serafindepoetas.blogspot.com/

2 comentários:

  1. Sempre bom passar por a sua casinha azul e ler estas histórias magnificas.
    Tenha uma boa semana!
    oa.s

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  2. As canções definem a alma de um tempo...Essa lembrança é maravilhosa, não é?
    Luz
    Ana

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