domingo, 10 de julho de 2011

CHUVAREL

—Sou Macabéa não, mas vivo sorrindo pelas ruas, Rospo, sorrio até para as flores. Aquele sorriso cúmplice, que mais parece uma piscadinha, assim, tipo: Você está aí, não é, sua danadinha?, esbanjando beleza para quem quiser...
—Quem tiver olhos de ver.
—Grande Tatiana,,,
—O que disse?
—Nada. Foi um respingo do domingo que caiu nos meus olhos...
—Sim, Sapabela, deve sorrir e quem ficar invejado...
—Invejado?
—É, com a cara cinzenta, sem sorriso, sem poder dizer que o dia pode ser bom, além de um simples cumprimento.
—Viva Ganzaguinha!
—Outro respingo, Sapabela?
—É, o domingo quer entrar, não tem jeito. Sapos e Sapas que atrapalham...
—Sapabela: Sorria, sem receio. No começou pensei muito antes de postar um vídeo de uma cantora em meu frog...
—Blog, você quis dizer...
—Sim, pois você pensou assim: o que pensarão? Dirão: mas isso é o gosto dele! E o gosto é sempre subjetivo, é algo muito de fórum íntimo...
—No fórum íntimo é que ocorrem os mais profundos julgamentos...
—Isso é outra história, Sapabela. E também a minha gentileza, minha delicadeza, minha atenção e o meu carinho...
—O que tem isso tudo a ver, Rospo?
—Tinha receio de ser gentil. Até pensei: gentileza demais é melhor deixar só para os parentes.
—Ele só pode estar brincando.
—Como disse?
—Comer o que dizer. Você tem que sentir sabor nas palavras...
—Sapabela, você entrelaça demais.
—Isso é um lance fêmeo, mas continue...
—Então, eu pensei: deixe que digam...
—Jair Rodrigues.
—Nossa! Que disparada! Isso foi um respingo ou uma chuva?
—Um chuvarel!
—Chuvarel?
—Chuva de mel.
Uma chuvadomênica...
—Já sei, foi à Itália buscar uma chuva de domingo. Que pétalas!
—Pois é, Rospo...
—Apropriou-se do "pois é".
—Hã?
—Sabe, minha amiga, seja sempre você... Se tiver que sorrir, sorria, e pense que à vezes é bom fechar os olhos e olhar para dentro de você... e sentir uma sinfonia. Ou seja, lá, no único lugar realmente possível sempre...
—Roberta Miranda...
—Roberta Miranda? Outro respingo ou um chuvarel?
—Sabe, Rospo, as coisas mais doces, mais simples e emocionantes estão nos compositores populares...
—Sim, nem sempre, mas nós já aprendemos a escolher, já temos o discernimento na alma...
—Então, viva que viva!
—Gostei dessa expressão: Viva que viva! Mas, e a Roberta Miranda? Foi ou não um chuvarel?
—Foi uma chuva encantadora com uma ventania de iluminar o rosto...
—Obrigado, Sapabela.
—Não entendi. O que está agradecendo?
—Estou agradecendo pela conversa.
—Então, Viva que viva!

Marciano Vasques

HISTÓRIAS DO ROSPO — 635

Rospo está aos sábados em

2 comentários:

  1. Este casalsinho é delicioso,
    suas conversas, são hilárias, já
    estava saudosa e vim ver o que andaram
    aprontando nos seus últimos encontros.

    Beijinhos, nos dois...

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  2. "Você tem que sentir o sabor nas palavra"
    Essa conversa é de ventania de iluminar o rosto...
    Luz
    ana

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