domingo, 3 de julho de 2011

CONVERSA DE ORIFÍCIOS

—Rospo, hoje estou de "Chico"...
—Ninguém mais fala isso, Sapabela, nenhuma sapa fala...
—Rospo, não é nada disso! Eu quis dizer que hoje estou de música nova do Chico...
—Ah, sei! O autor de Bocca di Rosa...
—Não! O Chico compôs "Geny e o Zepelim". Esse que você falou é Fabrizio de André.
— Entendi. Mas, falando nisso. Que tal falar sobre a "Sapa sem orifício" que tem na música "Querido Diário"?
—Não me desperta nenhum interesse, mas, vá lá.
—A sapa sem orifício deve ser uma santa...
—Uma estátua?
— Deve ser uma sapa concebida, fecundada pelo espírito...
— Talvez seja uma sapa que não fale...
—Não fala?
—Não tem boca, por isso não fala, e nem vê, não tem olhos... Um compositor já cantou sobre os "sete buracos da sua cabeça"...
—É, pode mesmo ser uma boneca. Mas talvez o compositor esteja querendo dizer que quer amar uma sapa pelo que ela é, pela sua alma... Cristina Rosseti tem um verso num poema que diz: "Ninguém nunca amou a minha alma peregrina"...
—Pode ser. Que noite linda de domingo.
 É fantástico!
—Não! Não é. Estamos aqui fora, sob as estrelas...Mas, fale mais sobre a Sapa sem orifício...
—Eu? Eu não! Fale você...
—Sapabela, o compositor é uma festa, uma alegria no brejo... De todos os ofícios...
—Todos os orifícios?
—Não, Sapabela! Eu disse: de todos os ofícios, o compositor é o mais querido. Quando a voz de um cantor entra numa casa por um rádio...
— Rospo, antes a música só entrava pelo rádio, hoje é tanta tecnologia...Mas concordo com você, é um ofício belo esse do compositor... Eu amo todos os compositores...
— Todos? Mas, e aqueles que compõem aquelas músicas de letras machistas...
—É verdade, Rospo, creio que me empolguei. Eu quis dizer que amo o compositor que alegra os nossos corações com letras sinceras que falam de amor, de amizade...
— Fale mais sobre a sapa sem orifício...
— Deixe essa sapa pra lá! Vamos que a noite é nossa... Vamos correr que ainda dá para pegar um cinema...
— Conhece o mito de Pigmaleão?
— Rospo, agora não dá para falar de Mitologia. O cinema já vai começar.
—Sapabela...
—Diga...
— Você é feliz por ser uma sapa completa?
—Ora, que pergunta, Rospo! Claro que sou feliz...
—Vamos! O cinema não pode esperar.
—Rospo, se não der tempo, poderemos ir para a praça do Sisal  dourado e então cantaremos canções...
—Sim, e a noite será dos compositores.


 HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 628
Marciano Vasques
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 http://cianomar.blogspot.com/
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2 comentários:

  1. A noite será dos compositore e dos escritores...
    Luz neste dia!
    Ana

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  2. Rospo, Sapabella.
    Falar, falar es hablar, hablar, ¿verdad?.
    Un diálogo constructivo el de los dos.

    Beijos, Montserrat

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