Tá tudo secando. Aquelas almas todas. Dá só uma espiada, moço!
Tem almas até na cerca de arame farpado,
Tem almas quarando,
Torricando...
Também pudera! Tudo mulheres maltratadas,
E homens explorados,
Até tirarem a última gota de suor, sangue e dignidade do sujeito.
Isso acontece —Chega mais pra ouvir — isso acontece nas fábricas. Então, essas almas todas desaprenderam de chorar.
Tem umas mulheres bobas que só querem homens valentões, e o bobão faz essa valentia para mostrar que
tem algum poder.
Pobres homens, infelizes mulheres...
Mas valentia mesmo, de boa, autêntica, é aquela daquele caboclinho que tá se achegando na moça com lua prateada nos cabelos.
Ele tá propondo para a enluarada de andar na chuva, sem travesseiros, nada, só na simplicidade de viver. Isso sim é travessura da boa.
Depois a vida acontece naturalmente. E quando acontecer esse tecer...
Como a vida é curiosa, moço!
Deixe não essas almas secando. Faz alguma coisa! Rabisca uns versos.
MARCIANO VASQUES
Parabéns pelo belíssimo escrito, realista, trágico, mas real. Muito bom.
ResponderExcluirUm abraço!