quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ALMAS SECANTES

Tá tudo secando. Aquelas almas todas. Dá só uma espiada, moço!
Tem almas até na cerca de arame farpado,
Tem almas quarando,
Torricando...
Também pudera! Tudo mulheres maltratadas,
E homens explorados,
Até tirarem a última gota de suor, sangue e dignidade do sujeito.
Isso acontece —Chega mais pra ouvir — isso acontece nas fábricas. Então, essas almas todas desaprenderam de chorar.
Tem umas mulheres bobas que só querem homens valentões, e o bobão faz essa valentia para mostrar que
tem algum poder.

Pobres homens, infelizes mulheres...

Mas valentia mesmo, de boa, autêntica, é aquela daquele caboclinho que tá se achegando na moça com lua prateada nos cabelos.

Ele tá propondo para a enluarada de andar na chuva, sem travesseiros, nada, só na simplicidade de viver. Isso sim é travessura da boa.
Depois a vida acontece naturalmente. E quando acontecer esse tecer...
Como a vida é curiosa, moço!
Deixe não essas almas secando. Faz alguma coisa! Rabisca uns versos.


MARCIANO VASQUES

Um comentário:

  1. Parabéns pelo belíssimo escrito, realista, trágico, mas real. Muito bom.
    Um abraço!

    ResponderExcluir

Pesquisar neste blog