sábado, 8 de outubro de 2011

FRAGMENTOS AZUIS

FRAGMENTOS AZUIS

Você deixou o vento para cortar o meu rosto. Mas estou sobrevivendo. Aqui, ancorado, num lugar ermo, onde a cada anoitecer eu mais me desnorteio. Como é fácil dizer Adeus! Mas estou sobrevivendo, e essa é a rara beleza, a rara força; o Ser é como a figueira, morre, seca e renasce. E nesse secar e renascer está o infinito mistério da vida. E aqui estou, na contribuição de almas que nem conheço, algumas se fazem luz, e vou tocando em frente. Procelas, ventos impiedosos, poeiras impossíveis, fumaça. Rodamoinhos que encantaram meus dias de meninice agora são turvos vendavais a me arrastarem para uma melancolia contra a qual bravamente luto, pois bem sei, tristeza nos enfraquece. E nessas batalhas, a agonia perderá, pois o Ser é feito para a alegria.
Tudo para me fazer desistir, afastar-me de um seguro cais. Sou mais forte do que pensava, sou mais frágil do que poderia sequer imaginar. Mas estou aqui, íntegro, mesmo recolhendo meus fragmentos. Sei que amar é um triúnfo, e jamais, um dia sequer, irei me arrepender por ter amado, e por ser assim, feito de amor. Já pensei em viver de forma usual, sei que não conseguiria, iria explodir de solidão diante da TV vendo partidas futebolísticas, não que tal alegria não seja também necessária, mas não me imagino apenas jogando dominó, ou jogando conversa fora, aliás, jogar conversa fora é mais que desperdício, é até um crime. Estou aqui. Sei que, bem disse alguém numa canção, o amor renascerá em outros corações.

MARCIANO VASQUES

2 comentários:

  1. Só posso dizer:muito lindo,meu amigo!Comovente texto!bjs,

    ResponderExcluir
  2. "Ser é como a figueira,morre seca e renasce..."
    O amor renascerá em outros coraçãoes na aspiral da vida...tudo renasce, sempre!
    Luz
    Ana

    ResponderExcluir

Pesquisar neste blog