No restaurante azul
De madeira
Numa pintura já gasta de chuva,
Ele chegou.
Da janela via-se a ferrovia.
E os sonhos que dançavam ao mormaço.
O santista, quem diria, finalmente iria ter
Alguém.
Depois do expediente
Contavam suas histórias na calçada.
Ela era do Rio, mas veio para Santos.
E ele sempre teve a vida torta.
Orgulho? O bigode, e ter servido o exército,
E trabalhou nas docas,
E agora, era motorneiro,
E nadava e as moças suspiravam...
Mas queria um rumo, e então, por isso então,
Só ela, a carioca do restaurante.
Que trabalhava duro
Para conseguir alguma coisa.
O Rio Casqueiro, e Cubatão.
E o velho Saboó,
De tantas vidas.
Cada malandro tinha o seu amor.
E os olhos brilhavam
Feito navalha na ginga da praça.
Mas ele, acreditem!, só queria uma casa
E uma mulher.
E depois, que pena!, subir a serra, pois diziam
Que era melhor em São Paulo.
Marciano Vasques
Nenhum comentário:
Postar um comentário