segunda-feira, 3 de outubro de 2011

INSÔNIAS

INSÔNIAS

Numa noite de tosse persistente,
Ouvia com mistérios,
A chuva rasa na calha da telha.
E um chiado no peito, coisa quase nada,
E o vento nos silvos lá de fora,
E as criaturas que a mente apaziguava,
Mas longe, muito além, em outros matagais,
Em outros capinzais, em filamentos de riachos, e água cor de cobre,
e musgos e linquens, e uma folha que voava...
Longe, muito longe, meninos e meninas aplaudiam
O circo que eu montava no quintal, quando entardecia,
Muito antes de entardecer, confesso aqui.
Se dormir fosse melhor, eu nem teria visto
O espírito da insônia, que me devolveu em poesia,
As noites mal dormidas.

MARCIANO VASQUES

Um comentário:

  1. O espirito da insônia acordou seu coração de poeta...
    Luz
    Ana

    ResponderExcluir

Pesquisar neste blog