segunda-feira, 28 de novembro de 2011

A AMIGA EXPERIENTE DO ROSPO

Rospo encontra a velha amiga  Sapabela, logo na segunda, o dia da Lua.
—Sapabela, que linda! Lilás é minha cor preferida. Obrigado!
—Não entendi o agradecimento, Rospo! Estou com um vestidinho lilás porque também gosto.
—!
—Não fique jururu. Estou brincando. Bem sabe que aprecio e torço pelos seus elogios.
—Ainda bem! Sabe aquela amiga minha, lá da praça?
—Outra vez, Rospo? O que pensa? Que a paciência de uma sapa é quilométrica? Léguas e léguas?
—O que houve?
—Falando novamente na sua amiga! O que tem ela de tão importante?
—Ela disse que não se deve pôr sentimentos diferentes na amizade, pois sempre atrapalha.
—Lembro desse papo. É que ela tem muita experiência.
—Sapabela, sem ironias, por favor. Ela tem sim muita experiência e sabe que amor e amizade não se misturam.
—Entendi! Ela espera o sapo da multidão.
—Sei lá, Sapabela! Deve ser isso. Acontece que a sua experiência...
—Rospo, a experiência dela a impede de se abrir para uma nova aventura de viver. Então, eis um caso típico em que a experiência atrapalha, torna-se um escudo, uma invisível rede de proteção. Sabe o que eu penso? Que ela é uma bobinha. Bobinha não, bobona.
—Sapabela. É um direito dela não querer se entregar a uma paixão, ou seja lá o que for. Se ela quer preservar a amizade por entender que é algo precioso, ela está certa.
—Muito bem. Já acabou?
—Acabou o que? Nem começamos.
—Sempre engraçadinho, não é? Eu disse: já acabou de falar da sua amiga experiente?
—Já. Não tem mais nada para falar.
—Agora foi esperto, Rospo.
—Como assim?
—Não se fica importunando uma amiga assim. Não quero mais ouvir nada sobre essa sua amiga tão experiente. Quero que fale de você.
—Eu? Mas sabe tudo de mim, somos amigos, lembra-se?
—Quero saber se sábado iremos ao cinema, ou ao teatro.
—Mas ainda é segunda!
—Por isso mesmo. Já é segunda.
—Sapabela, você é incrível!  Sim, iremos ao cinema.
—Obrigado pelo convite, Rospo. Bem, preciso ir, tenho umas coisas para fazer.
—Sapabela!
—Diga!
—Não tire esse vestidinho lilás.
—Meu querido, por enquanto sou eu apenas quem tira. E vou tirá-lo logo mais, para o vestir no sábado, no nosso cinema.
—Iupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!
—Rospo, você não toma jeito! Posso pedir um favor?
—Sim, claro.
—Se voltar à praça, leve um livro para ler.
—Adoro você, Sapabela.
—Adorar é sinônimo de que?
—Pensando bem: gosto demais de você.
—Está chegando lá. Tchau, um beijo, meu querido.


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 713
Marciano Vasques

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