sexta-feira, 18 de novembro de 2011

HOJE É SEXTA, E EU SOU SÁBADO!

—Sexta-feira, um fiapo de inverno em plena primavera e lá ia a Sapabela. Vestidinho rosa, ideias a todo o vapor na cabeça, um pouco atrapalhada com alguns compromissos e afazeres. Receosa por não dar tempo de preparar o sábado. Encontra um velho conhecido, e claro que a conversa rola  e se estica como fio de novelo em olhos de gato.
 —Rospo, que pensa dos que ficam de tocaia em seus esconderijos atrás de um computador para ofender aos outros?
—Sapabela! Hoje é sexta! O mundo é fascinante! Chuva de mel no narizinho da princesinha, e você quer que eu me ocupe com isso? Vamos falar de algo mais interessante e proveitoso. Sempre é bom unir o útero ao agradável.
—Útil, Rospo! Você confundiu as palavras. Mas vamos sim, o que quer afinal falar?
—Um pouquinho sobre a Razão amorosa.
—Ela parece tão importante, não é?
—Ela é a ponte de ligação com a emoção, Sapabela. O universo dos sentimentos convive com ela. Pois em seu nome já se declara: Amorosa. Quem diz que ama rosa é por si importante, Pergunte ao Exúpery!
—Tudo bem, já entrei no seu barco. Mas vamos num devaneio mais claro, que hoje quero me esbaldar de sábado.
—É sexta, querida! Mas, vamos lá: Veja o olhar da criança, da sapinha, do sapinho.
—Sim, devemos agradecer por ele em nossas vidas, a cada dia.
—Pois é, precisamos reparar no olhar da criança.
—Eu reparo.
—Reparar é cuidar, é zelar. Quem repara conserva, protege.
—Engraçado que conservar é um conversar embaralhado.
—A vida é uma algazarra das letras.
—E então?
—Um dos motivos pelos quais devemos reparar o olhar da criança é que o sapinho nos devolve os melhores dias de nossas vidas: o vento, o azul, a pandorga, a boneca, as corridas, as brincadeiras...
—E como fazemos diante disso?
—Temos que acolher e garantir que cada criança possa ter uma infância feliz, pois é só isso que ela quer. Infância feliz. Às vezes vejo pais que cumprem aquilo que é obrigação, que é alimentar, cuidar da saúde, mas não dão um sorriso, um afago.
—Rospo, mas fazer o básico, garantir a alimentação, etc, não é já suficiente?
—Não! Isso é dever da família, dos pais, do Estado, da Sociedade. Mas tem algo mais precioso, que é justamente o afeto, o carinho, a palavra suave, o sorriso, o olhar amoroso...
—Rospo, meus olhos desconfiam que estão vendo que isso não acontece em nossa sociedade. O que tem de sapinho por aí abandonado! Nas praças, ou nos apartamentos, diante da televisão...
—Sapabela. Não sei como uma administrador pode éticamente suportar que na cidade que o elegeu possa ter crianças abandonadas nas esquinas.
—É uma questão crucial. Mas, e em casa?
—Precisamos Educar os adultos com a Razão amorosa para que as crianças possam de fato serem felizes.
—Rospo, essa conversa abrilhantou o meu sábado.
—É mesmo?
—Quando a sua consciência se abre mais, torna-se uma janela para o Sol. E amanhã!: Sapabela no sábado! Agora eu digo, Rospo! Quem não repara no olhar da criança, precisa mesmo de amparo, de apuro em seu coração. Necessito ir, amigo.
—Sapabela!?
—Diga, meu amigo.
—Lindo o seu vestidinho rosa.
—A vida é uma festa! O mundo é fascinante. Rospo!  Viva o sábado! Tchau!
—"Tem jeito não: ela é muito Sapabela! Principalmente quando sabadofica..."
—Não vai fazer?
—Vou: Iupiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!



HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 703
Marciano Vasques

2 comentários:

  1. "Não sei como um pode éticamente suportar que na cidade que o elegeu possa ter crianças abondonadas nas esquinas.."Eu também não sei Rospo!
    Luz!
    Ana

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  2. É sempre um gosto vir ao seu blogue.
    A minha página no Facebook é Marques Irene.
    Um abraço.

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