domingo, 27 de novembro de 2011

LENDA BOBA, CAÇADORES E GUERREIROS



Domingo florescendo e lá ia a Sapabela, calçada afora, desencadeando poemas e pensares, quando encontra o querido amigo.
—Rospo! Agora sim meu domingo cresceu. Encontrei a minha novidade da alegria de viver!
—Sapabela! Assim me deixa sem jeito.
—Se  ficar sem jeito, eu arrumo um jeito. Tenho jeito pra tudo.  Sou a vendedora ambulante de jeitos.
—Minha dileta sapo. Com você tudo se conserta.
—Nasci sapa, meu caro.
—Sapa gosta de resolver as coisas, não é?
—Sapa já nasce resolvida, Rospo!
—E aquele papo antigo de que ninguém consegue entender a sapa?
—Essa lenda já está se desfazendo com a entrada em cena dos sapos esclarecidos...
—Mas, por qual motivo, essa lenda vigora tão antigamente que parece real.
—Quer que eu responda ou você?
—Vamos dividir a resposta.
—Gosta de panetone, Rospo?
—Gosto, com sorvete. Isso tem algo a ver com a sua metade da resposta?
—Não! É só para aromatizar o nosso pensamento com dezembro.
—Está certo. Então vamos lá: Acontece que a sapa quer uma coisa simples, que não combina com a complexidade e o desajuste de nossa época. Como a maioria dos sapos não está preparada para o espírito da sapa, inventaram essa lenda boba e sem sustento.
—Começou bem, Rospo. É isso mesmo: Sapas querem amor, fidelidade, compreensão, diálogo, carinho autêntico, coisas que resumidamente querem dizer: companheirismo. Simples, não é? Como a maioria dos sapos não pode efetuar esse amor da forma que satisfaça o coração verdadeiro da sapa, ou seja, essa coisa simples que a sapa quer, que é a sinceridade, então fica-se falando essa bobagem.
—Então, pelo que me diz, para entender a sapa, tem o sapo que evoluir.
—Naturalmente. Pode se evoluir no pensamento filosófico, científico e assim por diante, mas no pensamento afetivo, no qual reside a estética da alma da sapa, a evolução se faz necessária.
—Então, é evoluir para se compreender o simples.
—Sim, absolutamente isso. Ao compreender que a sapa só quer uma única coisa, o companheirismo verdadeiro, o sapo saberá que exercício amoroso é entender a sapa.
—Sapabela, então, é necessário educar o sapo.
—Exato, amigo meu. Numa época de excesso de comunicação, época digitalizada, de tanta informação, é necessário sim educar o sapo.
—Mas o sapo é educado para ser guerreiro, caçador!
—Qual o problema? Um guerreiro sem coração para mim é um simulacro de sapo, uma mentira. E..., caçador? Que maravilha!
—Não entendi a exclamação.
—Adoraria ser caçada por um caçador de tesouro.
—Sapabela.
—O que foi, querido?
—Preciso do mapa.
—Mapa?
—Claro! Como se pode caçar tesouros sem um mapa?


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 712
Marciano Vasques

Um comentário:

  1. Esses dois já aromatizaram meu dezembro...Maravilhoso, como sempre!
    Luz!
    Ana

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