sábado, 10 de dezembro de 2011

DEPOIS DO PARQUE MARISA

Rospo e Sapabela se despedem do Parque Marisa, onde viveram momentos de alegria, luzes e cores.
Para eles, tudo parou quando se abraçaram, próximo ao carrossel.
Sapinhos de algodão doce, namorados na roda gigante, sonhos navegados no barco viking, a montanha russa representando a vida. Tudo momentaneamente parou. E eles puderam se abraçar.
Na despedida, algumas palavras de amizade.
—Sapabela, esta noite de sábado será inesquecível. Gostei de tudo. Nada como ter uma amiga sincera ao nosso lado.
—Sabe, Rospo, estou pensando uma coisinha. Posso falar?
—Claro que sim. Diga.
—Alguém se apaixonou.
—É uma fábula?
—Digamos que seja um caso.
—Continue.
—E passou a viver intensamente essa paixão. Até disse "Eu te amo!".
—Nenhuma novidade.
—Mas essa sapa em nada mudou a sua vida em alguns aspectos.
—Pode ser mais explícita?
—Resumidamente, devo dizer que a paixão, ou o amor, que ela passou a sentir e a alimentar...Em nada modificou o seu Ser. Continuou com alguns hábitos antigos. Alguns resíduos de arrogância permaneceram em seu pensamento. Mas ela, a Sapa, passou a acreditar que deveria lutar pelo tal amor, ou sentimento, que passou a sentir.
—Onde quer chegar, Sapabela? Para aonde está indo?
—Essa sapa da minha narrativa é uma sapa imaginada. Qualquer coincidência com alguém será realmente apenas coincidência.
—Está bem, mas onde quer chegar?
—Como seu Ser em nada melhorou, a conclusão é de que o amor que ela supostamente passou a sentir, em nada foi produtivo. Apenas uma mera ilusão, um querer, até egoísta.
—Está pegando pesado, Sapabela. Conheceu alguma colega assim?
—Não! Apenas comecei a refletir.  Isso tudo se aplica em todas as formas e espécies de amor.
—Está me parecendo muito inteligente, Sapabela. Mas necessito de um pouco de clareza.
—Veja: um sapo pai, que ama profundamente o seu filho, mas passa por uma criança abandonada e nem se importa, e até chuta ou maltrata o seu cão, então esse amor que ele sente pelo seu pequeno em nada modificou a sua essência, e nem teve a força de melhorar o seu Ser, sendo assim foi um amor improdutivo, no sentido universal do termo produtivo.
—Você foi fundo, Sapabela!
—Eu fui? Eu?
—Querida, sua reflexão foi profunda, foi produtiva.
—Dá pra pensar, não é, Rospo?
—Sim, mas você poderia ter me deixado apenas com as luzes do Parque Marisa.
—Rospo, nossos encontros são completos, sempre foram. Alegria não rima em vão, entre nós. Ela também se torna forte na reflexão.
—Eu sei. Sei que precisa entrar, então, estou esperando.
—O que você está esperando, Rospo?
—Que diga Boa Noite! Sou um cavalheiro, e sei que jamais o sapo deve dizer boa noite, antes da sapa.
—Obrigado, Rospo. Serei sempre grata por tanto que de bom me traz.
—Ora, Sapabela. Eu que agradeço. Agora, antes de você entrar, quero dizer algo.
—Pois diga.
—Que abraço!
—Boa Noite!


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 726
Marciano Vasques

2 comentários:

  1. Se achamos que criança são só nossos filhos, há algo muito errado nesse "amor" não é?
    Luz
    ana

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  2. Olá,

    " Das alturas orvalhem os céus,
    E as nuvens que chovam justiça,
    Que a terra se abra ao amor
    E germine o Deus Salvador"...

    Fico tão sem palavra para agradecer o carinho imensurável com que me cumula ao longo do ano que só posso lhe dizer que:
    Seja muito abençoado e feliz, amigo!!!
    Bjs de paz e FELIZ NATAL... apesar de qualquer vestígio de dor em seu coração....

    "Quando eu estiver contigo no fim do dia, poderás ver as minhas cicatrizes,

    e então saberás que eu me feri e também me curei."

    Tagore

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