sábado, 10 de dezembro de 2011

NO PARQUE MARISA

—Rospo!
—Sapabela! Alegria encontrá-la. Aliás, sei que é meio bobeira, mas quero aproveitar para dizer algo: Nem tenho como agradecer a alegria que sua amizade me causa.
—Nada do que diz é bobeira, meu querido. Mas não precisa agradecer, apenas acontecer ao meu lado, nessas conversas. Veja que lindo está o Parque Marisa, as luzes, a roda gigante! (Parque Marisa é o mais antigo parque de diversões da Região Leste, e está localizado em Itaquera —Nota do Autor)
—Tão bom estar aqui, e com você. Mas preciso dizer algo agora.
—Vai fundo, Rospo!
—O que disse?
—Vai fundo!
—Yupiiiiiii!
—Bobão. Eu quis dizer que pode falar o que necessita.
—Está bem. Enquanto falo vamos comprar os bilhetes. Faz tempo não vou no barco Viking.
—Ótima ideia. Vamos rachar a grana dos bilhetes. Diga então. Vai... Não!, quero dizer: diga!
—Já se considerou autora alguma vez?
—Autora? Sou a própria!
—Você escreve?
—Não! Eu vivo!
—Gosto de você por ser a luz minha, da minha vida.
—Rospo, assim a roda gigante vai girar muito mais.
—Como é essa coisa de você ser autora?
—Vivo intensamente, de forma verdadeira. Sendo assim, sou a minha autora preferida, autora de mim, da minha vida. Tão bom ser autora de si!
—Sapabela, ao sermos autores de nós, cada um se torna o diapasão do tempo, das vozes dos tempos. Entramos em sintonia com os melhores espíritos, que são os autores que escreveram as vidas autorais por esse mundo afora.
—Ele sempre amplifica.
—O que disse?
—Nada, estava me pondo a pensar no quanto é gratificante ser autora de mim mesma.
—Sempre foi assim, Sapabela?
—Não, Rospo. Tiver que vencer muitas barreiras. Nem sabe o quanto uma sapa tem que lutar. Tem que ser uma guerreira, para enfrentar e mudar circunstâncias.
—Passou por tudo isso, não é, Sapabela?
—Acredite, Rospo! Só passei a ser respeitada quando impus o respeito.  Isso aconteceu a partir do momento em que me tornei autora de mim. Respeito é assim: tem que ser ensinado. Tive que ensinar aos parentes, aos patrões, aos vizinhos, às amigas. Pensa que é fácil? Uma dos atributos da Sapa é ser Educadora do mundo.
—Sapabela. Poderá um dia me dar um autógrafo?
—Como faria isso?
—Beijo, talvez. Boca que diz tal coisa...
—Rospo, está muito inspirado. Mas podemos sim nos abraçar e nos beijar na face. Somos amigos.
—Yupiiiiiii!
—Sem escândalo, por favor! Ou deixo você sozinho aí no meio do parque.
—Faria isso?
—Claro que não, bobinho! Abrace-me! Está demorando muito.
—Sapabela, depois desse abraço, só...
—A roda gigante!
—Tem sapo mais feliz do que eu?


HISTÓRIAS DO ROSPO 2011 — 725
Marciano Vasques

Um comentário:

  1. "Somos autores de nos mesmos..Eentamos em sitonia com os melhores espíritos" Por isso visito a Casa Azul.
    Luz
    Ana

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