terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O REGIME DO OLHAR

Rospo encontra um amigo:
—Olá! Veja, meu caro, que azul! O céu está lindo agora. O dia floresce ensolarado.
—Vai chover, Rospo! À tarde choverá.
—Repare no sorriso daquela sapinha que dança na calçada. Ela esbanja a alegria de ser criança.
—Aposto que está dançando uma dessas músicas moderninhas. Deveria estar em casa estudando.
—Meu querido. Fico muito feliz quando alguém planta uma roseira ou monta qualquer pequena floricultura em sua casa. E meu vizinho fez isso.
—Falta de ocupação, Rospo. Ele está de férias?
—Não. Plantou no sábado, de manhã.
—Poderia ter aproveitado melhor o seu tempo. Talvez lendo um jornal, ou correndo.
—Quer ver as plantas que ele está cultivando?
—Pare com isso, Rospo! Tenho mais o que fazer.
—Irei com minha amiga Sapabela amanhã à Pinacoteca. Gostaria de ir?
—Não vou em museu, meu caro. Museu já tenho um em casa.
—Como vai sua Pré? Ou já está adolescente? Que lindo rosto tem sua filha! Parabéns! E a meiguice do olhar a todos cativa.
—Você que pensa!: seu rosto atualmente só tem espinhas e cravos. Sabe como são os jovens.
—Certa vez eu a vi desenhar, e fiquei apreciando um de seus desenhos enquanto conversávamos. Lembra? Continua desenhando?
—Vive fazendo uns rabiscos. Preferia que ela arrumasse logo um emprego. Qualquer coisa, Rospo! Chega de ficar em casa sem fazer nada.
—Meu amigo, preciso ir. Posso dizer algo?
—Mesmo se eu disser que não, você dirá. O que é?
—Esse seu regime é danoso. Para você, para a sua alma, e para os que estão ao seu redor.
—Que regime, Rospo? Como de tudo!
—O regime do seu olhar.
—E por acaso olhar faz regime?
—Faz sim. O seu está num regime bem radical.
—Você está é biruta.
—Amigo, abra o seu olhar para as coisas belas da vida, para a simplicidade, para a alegria e suas cores. O mundo, a vida, tudo clama pela renovação do seu olhar. Para de se recusar a ver o que é importante. Chega de regime do olhar!
—Rospo, quer saber? Tenho mais o que fazer. Um bom dia!
—Amigo, obrigado por me desejar um bom dia, mas não custa lembrar. O dia é de nossa responsabilidade.
—Tchau mesmo!




HISTÓRIAS DO ROSPO 2012    —771






Marciano Vasques



2 comentários:

  1. Hola Marciano.
    Muy buen diálogo de Rospo y su amigo.
    De noisotros dependo mucho que el día sea bueno.
    Seamos positivois.
    Um beijo, Montserrat

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  2. "Abra o seu olhar para as coisas belas da vida, para a alegria, para as suas cores"
    Para se guradar.
    LUz
    Ana

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