sábado, 14 de julho de 2012

NO PASSADO E NO PRESENTE



NO PASSADO E NO CÉU ESTRELADO


Sabadoficando, Rospo e Sapabela passeiam pelas calçadas.
Rospo, minha amiga Colibrã...
Gosto do nome dela: mistura de colibri com rã.
Isso mesmo. Lutou pelo seu sonho de bailarina quando a vida dela, em todas as circunstâncias, dizia “Não!”.
Fale-me sobre ela. O que está acontecendo?

Está numa aflição, indecisa, não sabe aonde levar a sobrinha. Sabe que precisa sair com a sapinha, pois é sábado. Mas não consegue decidir. Shopping comer no Mc não. A sapinha já faz isso direto. A cultura de massa no cinema não. Ela sabe que a sapinha adora os filmes, essas franquias, sabe também que multidões vão assistir, que milhares e milhares de sapinhos estão na fila para ver o Espetacular, e aquela “Era”, mas ela quer algo diferente.
Vamos ao eixo, qual é efetivamente a indecisão dela?
Entre o Museu do Ipiranga e o Planetário. É tão difícil para ela!
Ela poderia ter ampliado o leque. Tem a Pinacoteca, tem o Parque da Luz com a Diana, tem...
Verdade, Rospo. Mas, fiquei de ligar para ela. A sapinha dela vive direto no tablet, ou no fone de ouvido, ou nos jogos do celular...
Compreendo... Entre os dois é de fato difícil, pois são ambos extremamente necessários.
Ontem, ela assistiu novamente ao DVD “Uma Noite No Museu”.
Sim, e a ideia de passar um dia no museu é fascinante. Mas no Planetário também.
Não sei o que digo a ela.
Argumente que qualquer uma das alternativas irá enriquecer a sapinha. No museu, o encontro com o passado, as origens, a história, a luta, os sonhos... Só aquele quadro no salão nobre, aquele que vemos nas fotos dos livros didáticos de História e de Geografia desde cedo...
Sei, do Pedro Américo.
Um esplendor!
A criança precisa ver o nascimento da mitologia numa obra de arte.
Sapabela!
Ficou feliz?
Claro! Um sapo que tem uma amiga que diz uma coisa tão profunda assim só pode ficar feliz.
As peças, as douradas, que jogam sobre os nossos olhos a efusividade da luz imperial, e as que mostram a crueldade da escravidão, o sofrimento, tudo está lá, tudo. E a criança precisa disso. Mesmo que ainda não possa compreender com exatidão, mas ela necessita desse contato com o seu passado. Para que possa presentificar a sua alma em formação. O conhecimento do passado é o presente que seus olhos infantis necessitam para a aventura da cidadania.
E o planetário, Rospo?
Ela precisa da imensidão onde brotam as luzes das estrelas. Precisa dessa força insondável que transborda o céu de ótica azul, necessita da harmonia dos mundos nesse ritual infindável... Com o planetário ela aprenderá de forma suave e atraente a erguer os olhos para o alto. Com seu olhar nas alturas, certamente será uma sapa de boa vontade.
Rospo, vou ligar já para ela.
E o que vai dizer?
Que dê um jeito de arranjar dinheiro para a condução e para o lanche e vá nos dois. Leve a sapinha à riqueza do passado e ao esplendor do universo.

HISTÓRIAS DO ROSPO 2012 — 795

MARCIANO VASQUES

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